sexta-feira, maio 13, 2011

Portugueses têm a maior quebra do poder de compra em 27 anos

Li no Económico que “os consumidores arriscam-se a sofrer a maior perda de poder de compra dos últimos 27 anos. A escalada dos preços - confirmada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) - promete desvalorizar os salários médios de toda a economia, mas os funcionários públicos estarão entre os principais afectados. Pelo segundo mês consecutivo, os preços voltaram a subir em Abril. De acordo com os números divulgados ontem pelo INE, a inflação acelerou para 4,1%, quando comparada com o mesmo mês do ano passado. Aplicando este aumento de preços à previsão mais recente da Comissão Europeia para a evolução dos salários (-1,3%), verifica-se que este ano os consumidores podem esperar uma perda de poder de compra real na ordem dos 5,4%. A desvalorização das remunerações será a mais agressiva desde 1984, exactamente o ano que se seguiu à última intervenção do FMI no país, e em que se registou uma perda de poder de compra de 9,2%. Mas para os funcionários públicos o cenário será ainda mais negro. Ao corte médio de 5% aplicado aos seus salários, há que juntar os 4,1% engolidos pelo aumento dos preços. Contas feitas, a desvalorização é de 9,1%, praticamente o mesmo do verificado há quase três décadas. João Loureiro, professor na Faculdade de Economia do Porto, explica que a evolução do poder de compra está determinada por dois factores: por um lado, a conjuntura económica do país faz descer os salários; e por outro, o aumento dos preços da energia eleva os custos de produção das empresas, inflacionando os preços dos produtos finais. De acordo com o INE, os principais contributos para o aumento do custo de vida verificaram-se nos bens essenciais. Os transportes contribuíram com a maior fatia, tendo os preços aumentado 10,3% de um ano para o outro. A segunda classe de bens que mais contribuiu foi a da habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis (que aumentou 5,6%) e o terceiro maior contributo foi dado pelos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas. Esta última classe de bens registou um aumento de preços de 2,4%. Ou seja, a margem de manobra das famílias para enfrentar o aumento dos preços é reduzida, uma vez que ele se está a verificar sobretudo em bens de procura muito rígida. Para os próximos meses, o cenário tenderá a agravar-se: Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, já sinalizou que a tendência dos juros até ao final do ano é de subida, o que penaliza o custo dos empréstimos à habitação. Além disso, não se espera um desagravamento significativo dos preços do petróleo - que inflacionam os custos da energia”.

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