"No confronto entre as medidas previstas no IV Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), de José Sócrates, que foi chumbado este ano, e o menu agora entregue pela troika da Comissão Europeia (CE), do Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI), há um capítulo onde o primeiro perde por larga margem para o segundo: a taxa de esforço imposta à economia, às famílias e às empresas do país. O PEC IV exigia, entre novas receitas e mais cortes na despesa, um ganho de 11 mil milhões de euros até 2013 nas contas do Estado. O programa da troika exige um ganho estatal de 9,34 mil milhões no mesmo período, representando portanto menos 1,65 mil milhões de euros de esforço para os portugueses até 2013. As contas do i têm por base o défice estrutural de 2010 partindo do valor definido pelo INE em plena Páscoa, ou seja, o prejuízo do Estado expurgado de todas as receitas e despesas não recorrentes que influenciaram os valores do ano passado - fundo de pensões da PT, submarinos, impacto do BPN, empresas de transporte, etc. Com esta limpeza, chegamos a um défice de 8,3% em 2010, já que o valor de 9,1% conta com os efeitos extraordinários que não se repetem este ano. Assim, e para chegar à meta prevista no PEC IV, Sócrates ia impor aos portugueses uma redução do défice em 2011 de 3,7 pontos percentuais, ou seja, de 14,3 mil milhões de euros em 2010, para 7,7 mil milhões em 2011 - valor que inclui já o cálculo sobre a quebra de 2% esperada no PIB este ano. Em comparação, e dada a nova meta do défice decidida pela troika, de 5,9% em 2011, o valor que o Estado vai retirar à economia este ano fica-se pelos 4,34 mil milhões de euros.
Já em 2012 o governo queria reduzir o défice de 4,6% para 3% do PIB (1,6 pontos percentuais). A troika decidiu que a redução será de 5,9% para 4,5% (1,4 pontos). Considerando as previsões de nova contracção económica no país, tais reduções representariam que no PEC IV os portugueses iam perder 2,8 mil milhões de euros; no plano da troika a redução será de 2,5 mil milhões. Para o ano seguinte, 2013 - último de ambos os programas de consolidação -, o governo pedia aos portugueses um défice de 2% e a troika de 3%. Sem previsões sobre a evolução do PIB neste ano, nos cálculos para 2013 tivemos por base uma evolução nula do PIB. Assim, chegando a este ano com um produto a rondar os 166 mil milhões de euros - fruto de duas quedas de 2% seguidas -, o PEC ia exigir cortes ou aumentos de impostos suficientes para o Estado obter um ganho de 1,65 mil milhões de euros. Já no plano da troika, o ganho exigido nesse ano é superior: para reduzir o défice de 4,5% para 3%, os portugueses vão receber uma factura de 2,48 mil milhões de euros. Somando as várias reduções de défices presentes nos dois programas até 2013, o cálculo final do PEC aponta para os tais 11 mil milhões, enquanto o plano da troika se calcula em 9,34 mil milhões de euros. A meta que se atinge em 2013 é também diferente (2% no PEC e 3% na troika), mas a diferença do esforço exigido nos programas é evidente: o da troika é menos exigente - ou menos mau - para a economia. Não é por acaso que ontem Fernando Ülrich, presidente do BPI, agradeceu a "quem fez cair o governo" (texto do jornalista do Jornal I, Filipe Paiva Cardoso, com a devida vénia)
Já em 2012 o governo queria reduzir o défice de 4,6% para 3% do PIB (1,6 pontos percentuais). A troika decidiu que a redução será de 5,9% para 4,5% (1,4 pontos). Considerando as previsões de nova contracção económica no país, tais reduções representariam que no PEC IV os portugueses iam perder 2,8 mil milhões de euros; no plano da troika a redução será de 2,5 mil milhões. Para o ano seguinte, 2013 - último de ambos os programas de consolidação -, o governo pedia aos portugueses um défice de 2% e a troika de 3%. Sem previsões sobre a evolução do PIB neste ano, nos cálculos para 2013 tivemos por base uma evolução nula do PIB. Assim, chegando a este ano com um produto a rondar os 166 mil milhões de euros - fruto de duas quedas de 2% seguidas -, o PEC ia exigir cortes ou aumentos de impostos suficientes para o Estado obter um ganho de 1,65 mil milhões de euros. Já no plano da troika, o ganho exigido nesse ano é superior: para reduzir o défice de 4,5% para 3%, os portugueses vão receber uma factura de 2,48 mil milhões de euros. Somando as várias reduções de défices presentes nos dois programas até 2013, o cálculo final do PEC aponta para os tais 11 mil milhões, enquanto o plano da troika se calcula em 9,34 mil milhões de euros. A meta que se atinge em 2013 é também diferente (2% no PEC e 3% na troika), mas a diferença do esforço exigido nos programas é evidente: o da troika é menos exigente - ou menos mau - para a economia. Não é por acaso que ontem Fernando Ülrich, presidente do BPI, agradeceu a "quem fez cair o governo" (texto do jornalista do Jornal I, Filipe Paiva Cardoso, com a devida vénia)
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