Jornalismo pôdre? Recomendando que vejam quem são os proprietários da revista "Sábado" e eventualmente que interesse sempresariais existem nas ramificações do grupo, não deixa de ser curioso que, depois da "festança" de alguma comunicação servilista face ao poder - porque precisa dos dinheiros públicos tal o estado de falência ocultada em que se encontra - chamo a atenção para o facto do Jornal I num texto do jornalista publicar hoje uma notícia com o título "Militante do PSD acusa "Sábado" de comprar testemunhos", segundo a qual, "o director da "Sábado" diz que a revista "não compra informação" e ameaça com processos. Além do abalo político que gerou, a notícias ontem publicada pela "Sábado" promete futuros desenvolvimentos nos tribunais: o artigo motivou a apresentação de queixas na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e no Sindicato dos Jornalistas (SJ), subscritas por Ismael Ferreira, um dos militantes do PSD citados pela "Sábado" como estando envolvido nas operações de compra de votos ou favorecimento a militantes social-democratas, para garantir apoios em eleições da distrital do partido em Lisboa. A direcção da "Sábado" rejeita a ideia e ameaça processar quem disser que a revista compra informações. A queixa de Ismael Ferreira foi enviada para as duas entidades ao início da tarde e acusa a "Sábado" e o jornalista Vítor Matos, autor do artigo, de terem aliciado vários militantes e ex-militantes do PSD para corroborarem, a troco de dinheiro, as informações que sustentam a notícia. Segundo as informações recolhidas pelo i, as queixas apresentam nomes de vários militantes social-democratas disponíveis para testemunhar sobre estas alegadas tentativas de aliciamento por parte da revista. Em declarações à Antena 1, um desses militantes confirmou mesmo uma proposta de 200 euros para falar à "Sábado". Até ao fecho desta edição, Ismael Ferreira não esteve disponível para comentar o assunto. O jornalista Vítor Matos remeteu todos os esclarecimentos para o director da "Sábado", Miguel Pinheiro. E a resposta da revista surgiu ao final do dia, em forma de ameaça de "processo judicial contra todos os que disserem que a 'Sábado' paga para obter informações", garantiu ao i Miguel Pinheiro. Além da acusação de aliciamento a militantes do PSD, a queixa enviada por Ismael Ferreira à ERC e ao SJ questiona também o timing da publicação deste artigo, a pouco mais de uma semana das eleições legislativas. A ideia também é sustentada pela líder do PSD, Manuela Ferreira Leite. "São boatos recorrentes que, ao serem apresentados oito dias antes das eleições, levam a perceber qual o objectivo deste tipo de histórias. Vamos ver quantas mais notícias vão surgir." António Preto, um dos principais alvos da notícia da "Sábado" também defendeu, em declarações ao i, não ter dúvidas de que "o contexto de publicação desta notícia está relacionado com o período eleitoral que vivemos". "É um assunto recorrente e sem qualquer fundamento. Muitos dos factos referidos reportam-se a uma altura em que eu já nem estava em funções da presidência da distrital de Lisboa. E há outra coisa espantosa: recebi hoje [ontem] inúmeros telefonemas de militantes do PSD que foram contactados pela 'Sábado' e negaram a existência dessas condutas incorrectas. Mas depois os seus testemunhos não foram incluídos no artigo", criticou. Confrontado com as queixas enviadas à ERC e ao SJ, o director da revista foi taxativo. "Só há uma declaração a fazer sobre essas queixas: a 'Sábado' não compra informações", disse. "Nós fazemos jornalismo e vamos continuar a fazer. O nosso campeonato não é a política: o jornalismo não se suspende e nós não pomos notícias na gaveta para publicar quando convém. Os artigos saem quando estão prontos e sólidos. É esse o jornalismo que fazemos. Mas, perante as acusações públicas que estão a surgir, se tivermos de processar alguém durante o nosso trabalho, processamos." Contactados pelo i, o presidente do SJ, Alfredo Maia, e o director-executivo da ERC, Nuno Pinheiro Torres, confirmaram a recepção das queixas de um militante do PSD contra a "Sábado". No entanto, ambos recusaram comentar o assunto ou antecipar os timings de análise e deliberação das queixas".
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