sábado, abril 18, 2009

Ciclo eleitoral: diálogo e calma

Volto a referir que não estive presente na reunião da Comissão Política Regional do PSD da Madeira de ontem. Mas tal como sempre me afirmei um “jardinista”, entendido como uma pessoa de considera que a orientação política adoptada, sobretudo a governativa, foi a mais adequada para a região nestes primeiros 30 anos de autonomia, sou amigo pessoal, de infância, de Sérgio Marques, pelo que não esperem que engrosse o coro dos que agora, por mero oportunismo, o criticam. Ressalvando os episódios – lá está, os que um dia serão conhecidos no tal livro… - que rodearam todo este processo, e embora compreendendo a legitimidade e a liberdade que Alberto João Jardim tem para negociar com Ferreira Leite seja o que for – embora me pareça tempo perdido, porque o desfecho eleitoral já em Junho será um primeiro indicador esclarecedor – e a sua frustração pela decisão tomada pelo Sérgio Marques, tenho que compreender a desilusão deste meu companheiro e amigo. Porque há momentos - e quem na política, e em determinados momentos, dissocia as suas decisões de uma vertente pessoal e de razões que podem ser suficientemente fortes para nós, mesmo que pareçam minudências para outros? – em que temos que ter o orgulho pessoal, que não aparece de um momento para outro, mas que decorre do facto de termos ou não a consciência tranquila. Considero que o 8º lugar na lista, com ou sem Lei da Paridade, atribuído ao PSD da Madeira, não me pareceu o mais adequado à única estrutura partidária que é poder em Portugal e a uma região ultraperiférica que tem estado na primeira linha do combate político a José Sócrates. Não aceito que se “despreze” essa realidade para, depois, assistirmos ao frenesim, quase patético, de quererem à força pressionar uma assessora de Cavaco Silva a integrar a lista das europeias, até na 2ª posição, o que realmente ajuda o PSD a ter um bom resultado eleitoral… Depois há o aspecto pessoal em que uma despromoção no escalonamento da lista implica. Não se trata de discutir nem competência pessoal nem disponibilidade para servir. Trata-se apenas de saber porque razão a Madeira tem que ser sacrificada na lista para que “cavaquismo” e “barrosismo” tenham posições de predominância nessa referida lista. Portanto, se posso compreender que Jardim tenha negociado, não se sabe o quê nem em troca do quê, com Ferreira Leite, e que possa até nem ter grande espaço de manobra, pelo pouco à-vontade com que no fundo o relacionamento entre ambos acarreta, há uma questão importante, a dignidade que o PSD da Madeira tem e o respeito que um deprimente PSD nacional deve à sua única estrutura que tem responsabilidades governativas, no caso concreto na elaboração de uma lista de dimensão nacional. E trocar isso pela promoção (ou medo?) da vaidade ou das exigências de uns “queques” é intolerável. Mas nunca me verão tomar uma posição crítica em relação a Sérgio Marques, pela amizade e consideração que tenho por ele, e pelo facto de considerar que ele continua a ser, para o PSD da Madeira, um militante destacado e com grandes potencialidades, graças ao respeito que conquista e à forma como tem gerido o seu próprio percurso político, sem conflitos, sem mediatismo público polémico, desde os tempos em que foi director regional do planeamento e deputado regional (se isto transforma SM num “desconhecido” candidato ao Parlamento Europeu como as tais aves de arribação rapidamente insinuaram ontem à noite, o que dizer da forma estranha como alguns deles chegaram ao poleiro e da forma como nele se tem comportado…). E não é pensar assim que deixo de ser do PSD. O que julgo importante sublinhar, neste momento, é a necessidade de haver diálogo, das pessoas trocarem entre si ideias, de reflectirem com serenidade e pragmatismo. O ciclo eleitoral que se aproxima, por várias razões, será diferente de todos os anteriores, e esperemos que não transporte consigo desilusões difíceis de gerir e que inevitavelmente deixarão marcas.

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