A minha opinião sobre o chamado "caso" "Jornal da Madeira", onde trabalhei com muita honra durante alguns anos e onde hoje escrevo artigos de opinião, é simples: eu acho que estamos hoje perante uma trapalhada neste processo (mas vou tentar explicar o que se passou), porque se criou a ideia de que o JM, no seu actual modelo, apenas tem possibilidades de manter-se enquanto Jardim (que foi director do jornal e é um dos seus articulistas) for Presidente do Governo. Ou seja, a ideia prevalecente era a de que o "JM" continuava a ser publicado e os mais de 100 trabalhadores mantinham os seus postos de trabalho, porque João Jardim liderava o executivo. Foram feitos ao longo dos anos vários estudos visando a viabilidade da empresa e - vou cometer hoje uma inconfidência - todas as soluções apontavam para uma substancial redução dos efectivos, da ordem dos 50 a 60%, solução que o Presidente do Governo Regional sempre recusou. Politicamente reconheço - e não me peçam para ser hipócrita - que esta situação embaraça o poder e o partido que o apoia - dado que sistematicamente o assunto é trazido à primeira linha do debate político pela oposição. Mas embaraça sobretudo pelas verbas que o mesmo envolve. Chegou-se a uma situação em que, sistematicamente, o assunto é falado pela oposição regional ficando-se com a ideia que, mais que provavelmente, sem o "JM" ela ficaria sem assunto, já que não tem coragem de falar dos apoios ao futebol profissional como medo se ser penalizada eleitoralmente. A "privatização" do "JM" é a solução(!) de alguns sectores da oposição, como se de um momento para outro isso fosse possível. Outra teoria - que não deixa de ter piada - passa pela devolução do título à Diocese do Funchal, passando esta a se responsabilizar pela edição do jornal de acordo com critérios editoriais que entendesse. Ora parece-me mais do que evidente (e fiquemos por aqui...) que a Diocese do Funchal não tem condições - aliás desde 1974 que nunca teve - para assumir tal encargo. Outra solução seria, por exemplo, a alienação do jornal para uma instituição pública ou com capitais maioritariamente públicos que depois de uma reformulação do projecto, se responsabilizaria pela sua continuidade em moldes, inclusivé editoriais, diferentes, já que não me repugna, pelo contrário, que a estrutura opinitiva do "JM" fosse alargada a outras correntes políticas democráticas. Aliás nunca percebi porque motivo isso não foi feito. Nem sequer qual era o problema, até porque uma das críticas sistematicamente feitas pela oposição e pelos "críticos" da situação - mas curiosamente todos se preocupam com isso - era a de que ninguém lia o JM. Se não liam porque estavam sistematicamente a fazer queixas contra o Jornal?
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