domingo, março 02, 2008

Opinião: "A revanche de Flandres"

"Com altos índices de crescimento econômico, os flamengos não querem mais carregar nas costas os atrasados valões, que os humilharam no passado. E as tensões autonomistas põem em risco a frágil unidade nacional belga. Vindo de Valenciennes, a rodovia nacional 60 cruza o oeste da Valônia antes de penetrar na região de Flandres, rumo a Audenarde e Gand. A trilha oferece um passeio pela Bélgica contemporânea. De Peruwelz a Saint-Sauveur, do lado valão, a paisagem é campestre. As oficinas têxteis fecharam há anos. Nada, ou quase nada, entrou em seu lugar. Pólos planejados de atividade econômica — que os belgas chamam de zonings — brotaram nesse cantinho da província de Hainaut. Mas eles constituem em essência um punhado de galpões ou empresas de baixo valor adicionado. O fabricante de produtos à base de batata, Lutosa, é um dos únicos grandes empregadores da região. Alguns quilômetros mais além, o cenário muda. A artéria se alarga. As construções industriais se sucedem. São o testemunho de uma realidade econômica vigorosa. Você chegou a Flandres. Flandres (cujos habitantes falam o idioma flamengo) faz parte, em 2007, das trinta regiões mais ricas da União Européia: seu produto interno bruto (PIB) por habitante atualmente ultrapassa em 23% a média européia e a taxa de desemprego na região não chega aos 6,5% [1]. O contraste com a Valônia (cujos habitantes falam o idioma francês) é cruel. Do outro lado da fronteira lingüística, o PIB por habitante é inferior em 10% à média dos Vinte e Sete (os países da União Européia) e a taxa de desemprego ultrapassou os 15% após um quarto de século [2]. Um em cada dois candidatos a emprego ficou sem trabalho nos últimos 24 meses. O desemprego entre pessoas com menos de 25 anos beira os 30%". Recomendo este artrigo, interessante e actual, de Jean-Yves Huwart, publicado no "Le Monde Diplomatique" (ver edição do Brasil).

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