quinta-feira, abril 30, 2020

Distanciamento social nos aviões? “Seria o fim das viagens de baixo custo”

Um avião da Qatar Airways prepara-se para aterrar no aeroporto de Catmandu, no Nepal, que também não escapa à pandemia do novo coronavírus. Uma sondagem da International Air Transport Association (IATA) mostra que 60% das pessoas antecipam um regresso às viagens dois meses depois de as medidas de confinamento terem entrado em vigor mas 40% garantem que vão esperar seis meses ou mais para planear uma viagem e 70% pensam adiar esses mesmos planos até que a sua situação económica pessoal melhore. Assento sim, assento não: é o resumo do que está a ser feito neste momento, por exemplo pela transportadora alemã Lufthansa, para que a distância social possa ser possível dentro de um avião. Quando os aviões voltarem a voar, medidas como estas podem ter de ser aplicadas mas as companhias aéreas já se vieram manifestar contra qualquer tipo de distanciamento social dentro dos aviões.
Numa carta enviada a todos os ministros dos transportes da União Europeia, a poderosa associação de companhias aéreas Airlines for Europe (da qual fazem parte, por exemplo, a Lufthansa e a EasyJet), avisa que “a distância social dentro de um avião não é viável nem é necessária”, o que antecipa a grande discussão que vai envolver o regresso às viagens de avião: se passar a ser obrigatório manter as distâncias, os aviões vão ter de voar com metade dos lugares vazios, ou, na melhor das hipóteses, com um terço e isso não é economicamente viável, avisa o lóbi das transportadoras.

O CEO da Ryanair, Michael O'Leary, descreveu todo o plano como “idiota”, não desiludindo que esperava dele uma resposta sem diplomacia, capaz de acordar a UE e mostrar que as companhias aéreas não vão ceder sem lutar. Numa entrevista ao diário económico britânico "Financial Times", O’Leary disse que se a sua companhia aérea de baixo custo for obrigada a voar com lugares vazios, a transportadora vai enviar a conta pelos bilhetes que não forem vendidos para o governo pagar. “De qualquer forma, mesmo que impuséssemos o distanciamento de um assento entre pessoas isso não ia adiantar nada.”
Enquanto isso, aeroportos de todo o mundo estão a tentar encontrar formas de garantir a segurança dos passageiros e das suas forças de trabalho. Há planos para instalar zonas de teste ao coronavírus, horários rotativos de desinfeção de espaços comuns estão a ser traçados, carregamentos de máscaras descartáveis têm de estar disponíveis para entregar aos primeiros passageiros, dentro e fora dos aviões, tal como a possibilidade de medir a temperatura a toda a gente. Os próprios passageiros podem estar dispostos a esperar que a situação esteja mais controlada até voltarem às viagens. Uma sondagem da International Air Transport Association (IATA) mostra que 60% antecipam um regresso às viagens dois meses depois das medidas de confinamento terem entrado em vigor mas 40% garantem que vão esperar seis meses ou mais para planear uma viagem e 70% pensam adiar esses mesmos planos até que a sua situação económica pessoal melhore.
A própria Airlines for Europe reconhece que o regresso tem de ser “gradual” mas pede que as medidas e regulamentos “sejam proporcionais ao nível real de risco de contágio”, que também pode diminuir ou aumentar de “uma ligação aérea para a seguinte”, lê-se na carta tornada pública pelo Politico. Em declarações a vários meios de comunicação, através de uma chamada de grupo, o diretor da IATA, Alexandre de Juniac, disse que o distanciamento social seria “o fim das viagens de baixo custo”. Ao Politico a Airlines for Europe assume que “não existe qualquer modelo de avião preparado para distanciamento social de qualquer tipo”. Estas duas associações querem que sejam os aeroportos a garantir que qualquer risco para a saúde pública é estancado no solo e que qualquer passageiro suspeito de transportar a doença seja impedido de embarcar (Expresso)

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