quarta-feira, março 02, 2011

Opinião: "É difícil entender os banqueiros"

"Já se tinha percebido que os banqueiros não querem aumentos de capital. Se dúvidas houvesse elas ficaram bem explícitas na conferência da Reuters/TSF. Fernando Ulrich, por exemplo, qualificou de "erro histórico" pedir mais capital aos bancos. A sua posição choca com o apelo do ministro das Finanças (numa das intervenções mais felizes dos últimos tempos...) e do próprio governador do Banco de Portugal (que repetiu recados anteriores). Mas Ulrich não ficou por aqui e discordou da decisão de os testes de stress à banca serem mais exigentes que os de 2010: "Quando os testes derem sangue, o Estado vai ter de ir atrás dos depósitos". Ulrich, tudo indica, relacionou testes mais exigentes com intranquilidade dos depositantes. Isto é, disse que testes mais exigentes vão provocar chumbos e, com isso, uma corrida aos depósitos (obrigando o Estado a intervir). É uma atitude surpreendente: é o mesmo que dizer que por não se falar num problema (ou agir sobre ele), ele deixa de existir. É compreensível que os banqueiros estejam "nervosos". Afinal pedir a accionistas, em dificuldades, que coloquem dinheiro nos bancos quando o ROE está pouco acima dos 6% é temerário... Mas dizer que a ideia de passar a banca por um pente mais fino vai criar suspeição quanto à sua saúde é um erro. Porque o reforço de capitais, mesmo que com ajudas públicas, tem o efeito contrário: reforça a confiança (dos mercados e das agências de rating) na solidez dos bancos. Ora essa tarefa é urgente: Carlos Costa deixou entender que há bancos que podem chumbar nos testes... Além de que não há recuperação económica sem bancos devidamente capitalizados. (por Camilo Lourenço no Jornal de Negócios)

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