quarta-feira, março 02, 2011

Mais de 9 mil reformas antecipadas com corte médio de 14%

Escreve o Jornal de Negócios um texto da jornalista Catarina Almeida Pereira que "foram 9.150 os funcionários públicos que recorreram em 2010 a pensões antecipadas. O número caiu face ao ano anterior, mas o corte médio subiu ligeiramente para 13,99%. Os dados solicitados pelo Negócios ao Ministério das Finanças referem-se a um ano marcado por importantes alterações às regras. No início do ano, o Governo anunciou que a penalização ia passar de 4,5% ao ano para 6% por cada ano de antecipação (ou 0,5% por mês), o que fez disparar o número de pedidos. A informação já divulgada pelo Governo aponta para um total de 22.125 pensões atribuídas ao longo do ano passado. O que significa que, apesar do aumento da penalização, 41% dos funcionários optaram por se reformar antes do tempo. O último relatório publicado pela Caixa Geral de Aposentações (CGA) revela que o número e a percentagem de pensões antecipadas foi superior em 2009. Na altura, houve 10.503, o equivalente a 44% de todas as pensões atribuídas. A penalização média situava-se, então, nos 13,8%.
Governo afirma que os processos demoram 4,6 meses
O Ministério das Finanças garante que, apesar do aumento de pedidos registado no início do ano, o "prazo de espera" nos processos de pensões foi no ano passado de 4,6 meses. Fonte da equipa do Provedor de Justiça garante, no entanto, que o prazo é neste momento muito mais alargado, rondando nove a dez meses. E acrescenta que a CGA está neste momento a tratar processos de Maio. Os atrasos podem ter efeitos no cálculo da pensão, sobretudo quando o processo passa de um ano para o outro. É que a CGA está a aplicar o corte do factor de sustentabilidade deste ano (3,14%) a pensões pedidas no ano passado, altura em que o corte era muito inferior (1,65%). A questão foi denunciada por um funcionário público que esperou dez meses e meio pelo despacho da Caixa Geral de Aposentações, tal como o Negócios hoje avançou. Quando em Março do ano passado pediu a pensão, o funcionário em causa contava com um corte então em vigor (1,65%). Na queixa que apresentou, mostra-se indignado não apenas com o atraso mas também porque quando a pensão lhe foi atribuída, já em Fevereiro deste ano, se viu confrontado com um corte que é, afinal, muito superior (3,14%) O Provedor de Justiça considera a situação inaceitável, alegando que contraria o espírito da lei que, em 2009, veio garantir que os funcionários públicos não seriam penalizados com os atrasos nos processos de aposentações. E exige que a Caixa Geral de Aposentações altere um procedimento que se torna mais penalizador à medida que aumenta o número de pedidos, a dimensão dos atrasos e a subida no factor de sustentabilidade (que foi particularmente expressiva este ano). O Governo não dá razão ao Provedor de Justiça. “O subscritor da CGA pode escolher uma data certa, à sua escolha, para se reformar. Assim, sendo do interesse dos requerentes indicar uma data posterior à entrega do pedido de aposentação na CGA, não seria correcto considerar esses pedidos como pendentes”, afirma fonte oficial das Finanças. Argumentos que não convencem nem o Provedor de Justiça nem os sindicatos. “Isso seria no pressuposto que se conhecem todas as variáveis”, responde Bettencourt Picanço, do STE, salientando que quando há atrasos se deve aplicar a percentagem mais favorável. Também José Abraão, da Fesap, salienta que alteração à lei concretizada em 2009 ia no sentido dos trabalhadores não serem prejudicados, sobretudo quando se verificam atrasos. “Se não houvesse atrasos nada disto acontecia”, conclui".

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