domingo, maio 18, 2008

Um "puxão de orelhas" (II)

Ainda sobre este assunto, há um aspecto que tem que ser dissociado desta questão. Uma coisa é a notícia pura e simples, a que os jornalistas terão acesso, outra coisa é partir de uma notícia parlamentar e fazer interpretações ou desenvolvimentos, como por vezes aqui faço, por minha inteira responsabilidade, alargando o seu âmbito, opção que depende sobretudo e apenas de quem escreve e da forma como o autor interpreta os factos. Não creio que o DN esteja a me acusar de aproveitar as funções que tenho para ter procedimentos incorrectos. Porque pelo contrário, acho que ao partilhá-los não estou a prejudicar ou a privilegiar seja quem for. Embora, repito, perceba o essencial do "recado" que me foi dado. De facto - e provavelmente reside aqui a diferença - fui jornalista durante cerca de 20 anos, um dos momentos melhores da minha vida, durante os quais pugnei sempre pelo respeito de princípios éticos e pugnei pela isenção, pelo distanciamento em relação aos factos e às pessoas e pela defesa da verdade – nunca fui alvo de nenhuma admoestação pública ou de protestos – e embora tenha a minha carteira profissional depositada na respectiva entidade, e nos termos da lei, nunca deixei de ser associado do Sindicato dos Jornalistas (nº 566), com quotas pagas, porque foi, é e será sempre este o meu sindicato. Inquestionavelmente é esta a razão deste meu “vício”. Mas por causa de uma coisa (blogue) não prejudico a outra (função que neste momento exerço), aliás como o DN sabe perfeitamente. Nunca, repito, nunca coloco neste blogue qualquer informação institucional - porque existem notícias que veiculo que se encaixam no âmbito da actividade do PSD - relacionada com o parlamento, sem que antes, por circular interna, procedimento que fomos nós a adoptar, os partidos, todos, tenham conhecimento de toda a informação. Hoje, por exemplo, vou suscitar um assunto relacionado com a Assembleia que tem que ser encarado obrigatoriamente fora desta questão porque se ninguém se lembrou de a ele se referir, isso não impede que outros o possam fazer.
Finalmente, a minha dúvida. Não acredito que o DN tivesse pretendido insinuar que me aproveito do cargo que tenho para ter acesso a informação que nada me impedia que mandasse que fosse distribuída diariamente à comunicação social, por exemplo, em "press-releases". Pelo menos não fiquei com essa ideia, apesar do carácter dúbio de uma frase utilizada ("Esta é mais uma característica surreal desta terra(..)" – que pode esconder a intencionalidade de me acusarem de estar a cometer uma ilegalidade, o que a confirmar-se, seria uma acusação injusta e desapropriada e que eu seria o primeiro a lamentar. Já agora, as “fontes de informação de partidos, de secretarias regionais, de empresas, de institutos, de clubes desportivos, que telefonam selectivamente a dar informações, que partem de pessoas “lá de dentro” isso já não tem nada de surrealista?). Um reparo final: e alguns blogues de dirigentes ou de deputados, por exemplo da oposição, que divulgam, e bem, as iniciativas que os partidos apresentam na Assembleia, também não prejudicam os tais contactos dos jornalistas que vão para a rua em busca de notícias? Repito, hoje foi dar-vos dos exemplos de factos que aconteceram há muitos dias atrás, que não sei se os jornalistas se interessaram por eles, se os procuraram, se tiveram sucesso nos contactos com as fontes. Mas, repito, percebo e respeito os argumentos - jornalismo de "secretária" versus jornalismo de rua, em busca de informações - adoptarei procedimentos temporalmente diferentes, mas confesso que fiquei na dúvida sobre o que considerio serem insinuações injustas que podem ser feitas a partir da nota do "Planeta".

Sem comentários: