Lista da coligação para as europeias: CDS foi beneficiado

Tenho lido, sobretudo desde ontem, que a lista de coligação PSD-CDS às europeias de 25 de Maio, cujo contrato político foi hoje divulgado, poderia esconder uma tentativa de "enganar" o CDS na escolha dos lugares. A composição da lista, independentemente de acertos que possam ser feitos, num quadro de coligação, resultará sempre da aplicação do método de Hondt. Ora se as autárquicas de Setembro de 2013 não podiam ter projeção nacional, posição que PSD e CDS repetidamente defenderam, o problema era saber qual o critério que PSD e CDS adotariam para acordarem a composição da lista: se os resultados das europeias de 2009, que em princípio seria mais lógico, dado que falamos de eleições europeias, se os resultados das legislativas de Junho de 2011.
Depois das primeiras notícias sobre os lugares do CDS na lista da coligação procurei perceber o que se passou. Facilmente se percebe que PSD e CDS utilizaram os resultados das legislativas de 2011 para fazerem a distribuição dos lugares dos candidatos pelos dois partidos.
Vejamos, para que as pessoas percebam, do que estou a falar:
a) Se a opção fosse pelas europeias de 2009 (PSD com  1.129.243 votos e CDS com 298.057 votos) o resultado seria um descalabro para Paulo Portas porque o PSD teria direito, pela aplicação do método de Hondt, ao 1º, 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 8º e 10º lugares, cabendo ao CDS apenas o 4º e o 9º;
2) Como foi noticiado que o CDS ocupará o 4º e 8º lugares na lista percebe-se que foram utilizados, para esta conclusão, os resultados das legislativas de Junho de 2011 (PSD com 2.159.742 votos e CDS com 653.987 votos) que dão ao PSD o 1º, 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 9º e 10º lugares e ao CDS os anunciados 4º e 8º. Ou seja o CDS acabou por sair beneficiado pois em vez do 9º lugar na lista - porque se estamos a falar de europeias só os resultados das eleições europeias é que deviam ter sido usados para esta finalidade - foi-lhe atribuído o 8º com tudo o que isso implica.