quinta-feira, setembro 05, 2013

Professores: em três anos, governo eliminou 63% de vagas para contratados



Li no Jornal I que “as escolas suprimiram mais de 10 mil horários destinados aos docentes sem vínculo à função pública entre 2011 e este ano. O ministro da Educação garantiu ontem que serão ainda "alguns milhares" de professores a ser contratados neste ano lectivo. Saber quantos estão incluídos nesses "milhares" de que Nuno Crato fala é uma conta impossível de fazer com rigor a esta altura do campeonato. Por outro lado, se retirarmos as vagas para os contratados a 31 de Agosto dos últimos três anos, conclui-se que o governo eliminou das escolas públicas 63% dos lugares que estavam destinados aos docentes sem vínculo à função pública. Em 2011, o Ministério da Educação e Ciência contratou 17 301 professores. O número decresceu para 12 749 no ano seguinte e voltou a cair para 7616 o ano passado. Este ano, se a maioria dos 6437 horários por preencher no concurso nacional (dados provisórios) forem atribuídos aos docentes que não estão nos quadros das escolas, o número cai para cerca de 6 mil. Significa isto que, entre 31 de Agosto de 2011 e o mesmo período deste ano, haverá menos de 10 mil contratados a dar aulas na rede pública. Os dados recolhidos pelo professor e autor do blogue "Dear Lindo", Arlindo Ferreira, não chegam contudo para perceber quantos docentes contratados vão engrossar as filas dos centros de emprego a partir dos próximos dias. Ontem, à entrada da sessão de abertura do XXXI Encontro Juvenil de Ciência, a decorrer em Lisboa, Nuno Crato explicou que o "processo de contratação de professores que não são do quadro está a iniciar-se agora", mas que os cerca de 6400 horários (anuais e temporários) serão prioritariamente preenchidos com os 2185 docentes com vínculo às escolas que não tiveram turmas atribuídas e que ficaram com o chamado horário zero. Acontece, porém, que esses professores dificilmente serão reafectados na totalidade das vagas que sobraram, explica César Israel Paulo, presidente da Associação Nacional de Professores Contratados (ANPC): "Estamos a falar de docentes que só podem concorrer às escolas do seu agrupamento ou às zonas pedagógicas às quais se encontram vinculados." Se a tutela não conseguiu arranjar uma vaga para estes professores, "não será agora que vai conseguir", avisa o dirigente da associação. Fazer coincidir a oferta de horários disponíveis nas escolas com as preferências manifestadas pelos professores do quadro é uma tarefa complicada para a tutela. "Não será impossível, mas é pouco provável que a maioria desses lugares fique para os docentes do quadro", defende Arlindo Ferreira. 
Os cerca de 6 mil dos 17 mil horários que sobraram vão ser reenviados nos próximos dias pela tutela às direcções escolares, que terão pouco menos de uma semana para reconfirmar esses dados ou reajustá-los à medida das suas necessidades: "Pode acontecer por exemplo que um agrupamento tenha um novo professor colocado num grupo disciplinar, mas com habilitações para dar aulas também noutra disciplina." Essas mudanças podem provocar mexidas no puzzle, mas a ANPC está convencida de que "o grosso dos horários" irá para os contratados, dada a dificuldade do Ministério da Educação em ocupar todos os professores dos quadros que ficaram sem turmas atribuídas. Por enquanto, o único dado certo é que, tanto os 2185 docentes do quadro como os quase 30 mil docentes sem vínculo à função pública que concorreram para dar aulas, só vão ficar a saber se conseguem colocação no início do ano lectivo na segunda semana de Setembro, quando as aulas começarem”.