quinta-feira, maio 02, 2013

Dinheiro para pagar subsídios de desemprego só chega até novembro



Segundo o Dinheiro Vivo, "se nada for alterado, o orçamento da Segurança Social para o pagamento de subsídios de desemprego só vai chegar até novembro. O governo pagou 732,9 milhões de euros de subsídios nos primeiros três meses do ano, o que representa 27,2% do total e um ritmo de 244,3 milhões por mês. Multiplicando por 12 meses, o governo precisa de 2.931,6 milhões de euros, mas o orçamento só tem 2.691,2 milhões. Ou seja, haverá um buraco de 240,4 milhões de euros. “É necessário alterar o orçamento”, afirma o economista Luís Bento, especializado em questões de Trabalho. A situação é urgente, até porque os 2.691,2 milhões tinham sido calculados com base numa taxa de desemprego de 16,4%, que foi ultrapassada no início do ano – em fevereiro estava nos 17,5% e era a terceira mais elevada entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Se em março o governo reviu em alta a previsão de desemprego para 18,2%, o orçamento dedicado aos subsídios também terá de ser revisto.  O professor Luís Bento acredita que seja necessário um montante superior a três mil milhões de euros, e considera que este aumento será feito no Orçamento do Estado retificativo, que deverá ser apresentado em maio. “Provavelmente o governo vai alterar o montante previsto para a Segurança Social no orçamento retificativo e vai também alterar novamente os regimes de concessão do subsídio de desemprego, e restringi-los ainda mais”, explica o economista. O controlo desta verba, face aos “erros de previsão” sucessivos em relação ao crescimento desta verba, deverá ser feito por estas duas vias. 
Luís Bento não acredita que seja alterado o montante do subsídio de desemprego, mas sim as condições de acesso – “só quem tiver mais de ano e meio ou dois anos de trabalho é que passa a ter direito e em vez de18 ou 20 meses passa a ter direito só durante um ano.” O economista prevê que o desemprego atinja os 19,3% no final do ano. “Se somarmos os inativos ao desemprego e à perda de emprego público, que não conta para a taxa de desemprego, nós atingimos já valores muito perto de 25% da população ativa que não tem colocação”, alerta o especialista. Por outro lado, existe ainda o fenómeno dos desempregados que nunca chegam a pedir o subsídio o que deixam de o receber porque emigram. “As pessoas sabem de antemão que não vão ter direito ao subsídio ou vão tê-lo durante pouco tempo e num montante muito baixo e nem sequer se inscrevem. Há centenas e centenas de casos”, revela o especialista. “É preciso ter em atenção também que quem tem emigrado são trabalhadores altamente qualificados, muitos deles que tinham direito a subsídio de desemprego, e isso também tem aliviado de alguma forma as estatísticas.” Há duas semanas, foi adiantado em Conselho de Ministros que o Orçamento Retificativo chegará à Assembleia da República em meados de maio".