terça-feira, julho 10, 2012

Michael Porter defende sistema de saúde centrado nos doentes e não nos serviços

Escreve o jornalista do Publico, João d´Espiney que “a mentalidade sobre o sistema de saúde tem de mudar. Antes o objectivo principal era o acesso, hoje a discussão tem de ser a criação de valor para os doentes e a organização tem de estar montada em neles e não dos serviços. Esta é, em síntese, a principal ideia transmitida esta manhã por Michael Porter numa conferência organizada pela Universidade Católica. O professor da Harvard Business School começou por dizer que “o que existe hoje em termos de organização e maneira de pensar ainda é o mesmo de já 50 anos” e já se percebeu que “não está a resultar”. O aumento dos co-pagamentos [taxas moderadoras] e a redução dos salários dos médicos e enfermeiros são o tipo de medidas que não criam valor, salientou Michael Porter, perante uma assistência que contava com a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo. “Precisamos de uma nova discussão. Os resultados de um serviço ou de um hospital não são o mais importante. O mais importante são os doentes”, afirmou este especialista na aplicação de princípios competitivos para problemas sociais defendendo o fim de “uma organização fragmentada em que o doente vai a vários sítios”. Michael Porter defendeu que “criar valor é pensar em todo o ciclo do doente e o pagamento tem de deixar de ser por acto mas por todo o pacote de cuidados”. “Os co-pagamentos e baixar os salários dos médicos e enfermeiros não criam valor”, insistiu. Citando alguns exemplos internacionais, nomeadamente na Alemanha e na Suécia, o professor de Harvard preconizou a criação de unidades integradas com equipas multidisciplinares, envolvendo os cuidados primários e vários especialistas. “Custa mais nos primeiros seis meses mas depois é muito mais eficiente”, garantiu. A medição dos custos e dos resultados de todos os pacientes foi outra das propostas apresentadas. “Não é fácil mas Portugal tem de medir”, disse, reforçando a ideia de que tem de ser de todo o ciclo do doente e não de um serviço. Por outro lado, é preciso reduzir “as duplicações de serviços” e avançar para a especialização das unidades pois “não faz sentido ter hospitais em todas as localidades a fazerem tudo”. Em relação aos cuidados primários, Porter defendeu ainda que devem ser criados grupos específicos diferenciados para, por exemplo, as pessoas saudáveis e doentes crónicos ou novos e idosos. Questionado à saída da conferência, Paulo Macedo, parco em palavras, admitiu apenas que “algumas propostas são bastante pertinentes” sobre as quais “vale a pena reflectir”.

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