As pessoas sabem o que eu penso sobre as sondagens. São iniciativas legítimas, naturais e que devem ser olhadas como instrumentos, independentemente das dúvidas que possam suscitar e da representatividade que elas tenham. Acho que até deviam fazer uma sondagem sobre o CINM mas sem condicionarem o campo de escolha das pessoas. Seria interessante. Incluindo a questão da concessão. Adiante porque não é sobre isso que quero falar.
Quanto à mais recente sondagem do DN do Funchal, sobre os nomes para a liderança do PSD, e sem olhar nem aos resultados, nem aos objectivos do próprio trabalho em questão, acho que em nome da seriedade, do rigor e da deontologia jornalística - que pode não ter nada a ver com a deontologia das empresas de sondagens, viradas para o lucro e para a satisfação dos clientes... – deliberadamente (?) não foi referida uma questão que a empresa incluiu na ficha técnica e que eu só hoje me apercebi.
Diz a ficha técnica da sondagem:
"- Estudo de Opinião efectuado pela Eurosondagem, S.A., nos dias 24 e 25 de Maio de 2012.
- Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores seleccionados e supervisionados.
- O Universo é a população com 18 anos ou mais, residente na Região Autónoma da Madeira, e habitando em lares com telefone da rede fixa.
- Foram efectuadas 896 tentativas de entrevistas e, destas, 179 (20%) não aceitaram colaborar no Estudo de Opinião. Foram validadas 717 entrevistas, correspondendo a 80,0% das tentativas realizadas.
- A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo.
- Desta forma aleatória resultou, em termos de sexo, (Feminino - 51,5%; Masculino - 48,5%), e no que concerne à faixa etária, (dos 18 aos 30 anos - 16,9%; dos 31 aos 59 - 48,3%; com 60 anos ou mais - 34,8%) num total de 717 entrevistas validadas.
- O erro máximo da Amostra é de 3,65%, para um grau de probabilidade de 95%.
- Um exemplar deste Estudo de Opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social".
Até aqui tudo certo. Mas o que se esqueceram (?!) de informar as pessoas, sobretudo os leitores, na elaboração da notícia, é que esta sondagem constituiu um trabalho único. Ou seja, a um universo de pessoas contactadas por telefone fixo foram-lhes colocadas pelo menos três questões diferentes entre si – as opções eleitorais, a problemática da mentira, sim ou não, e a problemática da liderança do PSD. É exactamente aqui que as coisas ficam sob suspeição - vá lá saber-se porquê?! - e podem inclusivamente esconder alguma desonestidade deliberada e óbvia manipulação, na medida em que a ficha técnica é rigorosamente a mesma para os três trabalhos diferentes quando na realidade não devia ser esse o caminho a seguir pela Eurosondagem no trabalho para o DN do Funchal.
Vamos a factos para que as pessoas percebam o meu raciocínio e passem a encarar estas sondagens de outra forma:
Quanto à mais recente sondagem do DN do Funchal, sobre os nomes para a liderança do PSD, e sem olhar nem aos resultados, nem aos objectivos do próprio trabalho em questão, acho que em nome da seriedade, do rigor e da deontologia jornalística - que pode não ter nada a ver com a deontologia das empresas de sondagens, viradas para o lucro e para a satisfação dos clientes... – deliberadamente (?) não foi referida uma questão que a empresa incluiu na ficha técnica e que eu só hoje me apercebi.
Diz a ficha técnica da sondagem:
"- Estudo de Opinião efectuado pela Eurosondagem, S.A., nos dias 24 e 25 de Maio de 2012.
- Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores seleccionados e supervisionados.
- O Universo é a população com 18 anos ou mais, residente na Região Autónoma da Madeira, e habitando em lares com telefone da rede fixa.
- Foram efectuadas 896 tentativas de entrevistas e, destas, 179 (20%) não aceitaram colaborar no Estudo de Opinião. Foram validadas 717 entrevistas, correspondendo a 80,0% das tentativas realizadas.
- A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo.
- Desta forma aleatória resultou, em termos de sexo, (Feminino - 51,5%; Masculino - 48,5%), e no que concerne à faixa etária, (dos 18 aos 30 anos - 16,9%; dos 31 aos 59 - 48,3%; com 60 anos ou mais - 34,8%) num total de 717 entrevistas validadas.
- O erro máximo da Amostra é de 3,65%, para um grau de probabilidade de 95%.
- Um exemplar deste Estudo de Opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social".
Até aqui tudo certo. Mas o que se esqueceram (?!) de informar as pessoas, sobretudo os leitores, na elaboração da notícia, é que esta sondagem constituiu um trabalho único. Ou seja, a um universo de pessoas contactadas por telefone fixo foram-lhes colocadas pelo menos três questões diferentes entre si – as opções eleitorais, a problemática da mentira, sim ou não, e a problemática da liderança do PSD. É exactamente aqui que as coisas ficam sob suspeição - vá lá saber-se porquê?! - e podem inclusivamente esconder alguma desonestidade deliberada e óbvia manipulação, na medida em que a ficha técnica é rigorosamente a mesma para os três trabalhos diferentes quando na realidade não devia ser esse o caminho a seguir pela Eurosondagem no trabalho para o DN do Funchal.
Vamos a factos para que as pessoas percebam o meu raciocínio e passem a encarar estas sondagens de outra forma:
- é inquestionável que cabe aos partidos políticos eleger, através das suas bases, os seus líderes, por via de "directas" (e sobre isto já escrevi e já disse o que penso) e não a pessoas sem filiação partidária e muito menos a simpatizantes ou eleitores de noutros partidos. É como alguém defender que os sócios do Marítimo ou do Nacional deviam ir a uma assembleia geral do meu União resolver os problemas que dizem apenas respeito a este clube, Era o que faltava. Não acham? Então se é assim, porque razão, na política, terá que ser diferente e indivíduos que votam contra o PSD passam a ser "importantes" na tentativa de influenciar (?) uma decisão que cabe apenas ao PSD e aos seus militantes?
- o segundo logro é que esta sondagem assentou em nomes que foram enunciados a pedido do cliente pela empresa ao universo de pessoas contactadas. Pergunto: quem foi que disse que não podem existir outros nomes? Quem fosse que disse que apenas terão que ser estes?
- o terceiro aspecto prende-se com a distribuir concelhia do universo de pessoas contactadas e que é importante saber (não foi revelada essa distribuição o que desvirtua o trabalho ou pelo menos recomenda cautelas). Qual o peso do Funchal no universo das pessoas contactadas pela empresa?
- a quarta questão, em meu entender a mais complicada, tem a ver com a confusão enorme com este recurso à chamada sondagem tipo "três em um" - admito que a poupança de dinheiro a isso obrigue até porque, ao que julgo saber, este tipo de trabalho custa em média, e no mínimo, entre 8 e 13 mil euros - que tecnicamente é facilmente questionável, goste a Eurosondagem ou não. É-me indiferente.
- numa primeira parte desta sondagem, ficamos a saber que das 717 entrevistas validadas, 179 não participaram. Como é que temos os tais 80,02% dos inquiridos validados? Por uma mera regra de três simples. As 179 recusas correspondem a 19,98% do universo contactado de 896 cidadãos (100%). Recomendo a leitura do seguinte quadro explicativo:
- o segundo logro é que esta sondagem assentou em nomes que foram enunciados a pedido do cliente pela empresa ao universo de pessoas contactadas. Pergunto: quem foi que disse que não podem existir outros nomes? Quem fosse que disse que apenas terão que ser estes?
- o terceiro aspecto prende-se com a distribuir concelhia do universo de pessoas contactadas e que é importante saber (não foi revelada essa distribuição o que desvirtua o trabalho ou pelo menos recomenda cautelas). Qual o peso do Funchal no universo das pessoas contactadas pela empresa?
- a quarta questão, em meu entender a mais complicada, tem a ver com a confusão enorme com este recurso à chamada sondagem tipo "três em um" - admito que a poupança de dinheiro a isso obrigue até porque, ao que julgo saber, este tipo de trabalho custa em média, e no mínimo, entre 8 e 13 mil euros - que tecnicamente é facilmente questionável, goste a Eurosondagem ou não. É-me indiferente.
- numa primeira parte desta sondagem, ficamos a saber que das 717 entrevistas validadas, 179 não participaram. Como é que temos os tais 80,02% dos inquiridos validados? Por uma mera regra de três simples. As 179 recusas correspondem a 19,98% do universo contactado de 896 cidadãos (100%). Recomendo a leitura do seguinte quadro explicativo:

- Quanto aos resultados brutos (vou usar esses e não a projecção feita depois pela empresa), tivemos: PSD com 34,9% (250 citações), CDS com 16,9% (121), PS com 10,7% (77), PTP com 3,1% (22), PCP com 2,9% (21), PAN com 1,9% (14), MPT com 1,8% (13) e Bloco de Esquerda com 1,7% (12 citações). Se considerarmos o somatório do PSD e do CDS juntos temos, de acordo com a sondagem, 51,8% e 371 citações (250 do PSD + 121 do CDS);
- transpondo para a segunda questão – a liderança do PSD - estes resultados e esta ficha técnica, temos as seguintes conclusões:
- não há votos brancos (que não se confundem com os que não sabem ou não respondem), porque os resultados publicados mostram que dos 717 votantes, 552 votaram nos quatro ou cinco nomes propostos na consulta e que 23% não responderam, ou seja 165 indivíduos - encontramos assim o universo (717) dos abrangidos por esta sondagem.
Não deixa de ser estranho que das respostas obtidas nenhuma tenha referido claramente que votaria em branco (por exemplo na primeira parte do trabalho, sobre as opções de voto, os brancos apareceram). Mas dou de barato. Em função disso, a sondagem conclui:
- Albuquerque com 49,2% das opções (353 citações) superando em 103 citações e em 14,3% os resultados do PSD. Se considerarmos PSD e CDS juntos, o autarca do Funchal, segundo a sondagem, fica a apenas 2,6% do somatório destes dois partidos e 19 citações. Só que aparece aqui um segundo problema, que tem a ver com o somatório dos restantes nomes: 27,8% e 199 citações. Quem votou neles? Os contactados que disseram que votariam no PSD se as eleições fossem hoje? Ou uma mistura de uns e outros?
- Admito que seja absolutamente legítimo considerar que muitos dos que disseram ser votantes na oposição - quando lhes perguntaram em que partido votariam - nunca votariam, por exemplo, no chamado candidato "oficial" do actual Presidente do PSD da Madeira e que, por isso, direccionaram as suas escolhas para um nome que pudesse ser mais "provocatório" para o dirigente social-democrata.
Ou seja, esta sondagem ouviu pessoas que disseram declaradamente que votariam nos partidos da oposição, pelo que não se percebe em que qualidade foram convidadas a pronunciar-se sobre um assunto que não lhes diz respeito e em relação ao qual não serão parte no processo decisório. Nem mesmo como eleitoras, como alguns poderão sustentar. Mas se votam na oposição é-lhes indiferente quem será o líder do PSD, ou não? Então, qual quer a lógica e a coerência científica neste tipo de trabalho, envolver pessoas que não são nem militantes, nem simpatizantes nem eleitoras do PSD?!
- Afinal onde estarão - e em que candidato do PSD constante da lista indicada, votaram? - os 280 indivíduos que declaradamente votariam na oposição, 39% dos inquiridos? Ainda por cima quando é sabido que entre as duas consultas – votos em partidos e liderança do PSD - apenas se registou um aumento de 18 pessoas entre os que não responderam.
- mesmo excluindo esses 18 indivíduos que engrossaram os que não responderam, como votaram os demais 282 que tinham "votado" nos partidos da oposição? Não me digam que são todos votantes de Cunha e Silva, Manuel António, Miguel Sousa e no "outro"?!
- Ou seja, esperando que não me envolvam em futuras sondagens para me pronunciar, sobre quem acho que devia ser o líder do PS ou do CDS locais - porque é assunto que não me interessa, nem me diz respeito - podemos ou não admitir alguma especulação desajustada em torno de um assunto que, dizendo respeito apenas ao PSD da Madeira e aos seus militantes, para ser seriamente tratado deveria excluir obrigatoriamente à partida os eleitores de outros partidos? Nesta conformidade, e pelas razões expostas, qual o grau de credibilidade e a consistência desta consulta no que que se reporta à liderança do PSD regional?
Sem comentários:
Enviar um comentário