quinta-feira, dezembro 16, 2010

(Nova) Ordem dos Médicos na Madeira

A médica Henriqueta Reynolds venceu as eleições para a Ordem dos Médicos (Madeira), confesso que sem me surpreender. Não conheço a profissional em questão, nunca falei com ela, apenas a conheço pelo que leio ou vejo na comunicação social, pelo que estou à vontade para dizer que, neste momento, não acredito em mudança coisa nenhuma. Reynolds tem que mostrar na prática, pela acção que vai desenvolver, que pretende dinamizar a secção regional da OM na Madeira (tão desvalorizada pelo bastonário autor das conhecidas patifarias contra a Madeira), tem sobretudo que impor-se liberta de pressões, inclusive de consciência, porque uma coisa é a sua actividade profissional e tudo o que nela acontece ou aconteceu, outra coisa são as ambições e expectativas pessoais de carreira e outra coisa é o exercício destas funções para às quais foi agora eleita e para as quais lhe desejo toda a sorte do mundo. E, finalmente, espero sobretudo que não caía na tentação de transformar a OM na Madeira numa espécie de albergue corporativista, como se a s críticas, as insuficiências, a necessidade de uma reflexão classista ou os defeitos que existem e que são próprios dos seres humanos, estivesse todos, lá fora, para além do círculo dos médicos, não tendo a coragem de começar por olhar para a própria classe que agora representa, por exemplo, e particularmente, tentando explicar às pessoas se é legítimo confundir-se questões pessoais com paralisações corporativistas (recuso chamá-las de greves como indevidamente são catalogadas). E repare que não me atrevo a dizer que tudo no Hospital do Funchal ou nos demais serviços de saúde da Região funciona na perfeição, porque recuso ser patético e ridículo. Aceito sem pestanejar que seja necessário introduzir mudanças, fazer melhorias, tomar decisões que ou ainda não foram equacionadas, ou estão apenas engavetadas, à espera de melhor oportunidade. Quanto à idoneidade dos serviços, que tanto prejudicou indevidamente, como sabe melhor do que eu, porque se confundiu a árvore, uma ou duas, com a floresta - e sobre isto nunca se pronunciou em tempo oportuno e de forma convicta - reforço a minha desconfiança, pois continuo a afirmar que desconfio que muito do que aconteceu, as denúncias anónimas que chegaram a Lisboa, as queixinhas, as intrigas palacianas verdadeiramente lamentáveis, nalguns casos repugnantes, e as bufarias contra directores mas sobretudo contra serviços, tiveram a sua origem na própria classe médica. E daqui não saímos. A Madeira já foi prejudicada pelas bandalhices de um crápula (que não sei se agora vai continuar envolvido em histórias sobre projectos de arquitectura ou a receber milhares de euros de seguradoras espanholas em troca não se sabe de quê, ou saber-se-á?!...), que confundiu o cargo que exercia com vinganças pessoais e pressões corporativistas. Várias dezenas de jovens médicos – provavelmente alguns com a ilusão de que vão encontrar com o voto em Henrique Reynolds a estabilidade e a normalização que todos pretendem – foram prejudicados, estão penalizados, até que a nova secção regional da OM faça o que já deveria ter feito, demarcando de um processo vergonhoso que em meu entender é passível de recurso para a justiça pelos danos causados e pelas partes obscuras que ele comporta e nas quais assenta a sua origem.
Repito, não conheço a nova responsável pela secção regional da OM, recuso emitir juízos de valor, não antecipo opiniões sobre o que deve fazer, não sou porta-voz de nada nem de ninguém. Sei que sou oriundo de uma família de médicos, no passado e no presente, que naturalmente olha para tudo o que se tem passado com a noção de que os tempos estão a mudar mas que há pessoas que continua a experimentar dificuldades em se adaptarem. Espero que Henriqueta Reynolds, por exemplo, clarifique, não teoricamente com declarações nos jornais ou mediatismo circunstancial, acusações graves, bem graves, feitas recentemente por um dos responsáveis pelos enfermeiros, de que existe promiscuidade entre o público e privado, a que se juntam as denúncias de negociatas cruzadas, entre hospitais e consultórios privados bem como alegadas pressões de “lobbies” classistas. Não iria tão longe, confesso. Mas admito que talvez deva ser por aqui, passadas as prioridades mais essenciais que a OM local tem que empenhadamente resolver rapidamente, que as atenções se devem concentrar. Repito, finalmente, para que não existam, dúvidas: desejo à nova equipa da OM na Madeira – da qual até fazem parte meus antigos colegas de Liceu – a maior sorte do mundo, porque se tiverem essa sorte, os médicos ficam a ganhar, fica a saúde a ganhar, fica a Madeira a ganhar. Caso contrário, será a continuação de uma degradação que é preciso suster, sem sectarismos, sem manipulações, sem querer apontar o dedo a uma das partes tentando “imunizar” a outra.

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