Com este título escreve o Diário Económico um texto do jornalista Rui Barroso que "um estudo do Citigroup refere que economia informal está a ajudar a robustez financeira. O segredo são as notas de 500 euros. São dores de cabeça para as polícias, mas as grandes redes de criminalidade podem estar a ajudar ao fortalecimento do sistema financeiro da zona euro. E o segredo parece estar nas notas de 500 euros, cuja emissão é lucrativa para o Banco Central Europeu. De acordo com o economista-chefe do Citigroup, Willem Buiter, citado pelo "The Wall Street Journal", o alto valor das notas torna o euro "a moeda de eleição para as economias paralelas e para todos aqueles que procuram o anonimato nos seus investimentos e transacções financeiras". Nos EUA, por exemplo, a nota mais valiosa é de apenas 100 dólares. Willem Buiter considera que o negócio é "verdadeiramente rentável" para o BCE. E isto deve-se ao privilégio de ‘seigniorage' que os bancos centrais têm. Este direito não é mais que "a receita do monopólio da criação de dinheiro", que permite lucrar com a diferença entre o preço de produção de uma nota e o seu valor facial. Segundo dados do BCE, o número de notas de 500 euros em circulação cresceu mais de 26% desde o final de 2007, acima da subida de 11% do número total de notas no mesmo período. O valor em circulação do papel-moeda de 500 euros representa 35% do total de notas de euro em circulação. Um porta-voz da Europol referiu, citado pelo WSJ, que as autoridades policias têm encontrado notas de euro de elevado valor em diversas operações. "É escusado dizer que este dinheiro está muitas vezes ligado ao tráfico de droga". O jornal norte-americano recorda que antes da entrada em circulação da moeda única, um responsável da Fed havia expressado a sua preocupação sobre o euro ter notas de valor bastante mais elevado que o dólar e do potencial aproveitamento dos criminosos. Isto porque um milhão de dólares em notas de 100 dólares pesa 10 quilos, mas se existissem notas de 500 dólares o mesmo valor pesaria só dois quilos. Ou seja, o BCE ganha muito com as notas de 500 euros, e a procura destas por parte de criminosos alimenta parcialmente o BCE, que por sua vez consegue apoiar o sistema financeiro.
Privilégio de emissão de notas suporta gastos de ataque à crise
Caso o BCE não dispusesse do privilégio de ‘seigniorage', os indicadores do banco poderiam parecer assustadores. A instituição teve de aumentar o seu balanço para combater a crise financeira para os dois biliões de euros, onde estão incluídos 600 mil milhões de euros de obrigações dadas como garantia ao BCE. Já o capital do banco é de apenas 78 mil milhões. O motivo para este desequilíbrio é que "o balanço convencional do banco central omite o seu activo mais importante: o valor do monopólio da emissão de dinheiro", explica Buitter. A estimativa mais conservadora do economista é que o ‘seigniorage' tenha um valor de dois biliões de euros para o BCE. E recorda que as receitas deste privilégio atingiram os 70 mil milhões de euros em 2009. E para onde é destinado este dinheiro? "Os recursos do BCE e do Eurosistema, assim como os dos outros bancos centrais, é em última análise dinheiro dos contribuintes". É transferido do BCE para os bancos centrais de cada país e depois para os tesouros dos respectivos governos, podendo ajudar a diminuir os impostos ou aumentar o investimento público".
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