Lendo o DN do Funchal fiquei a saber que o Bloco de Esquerda apresentou no parlamento um voto de protesto a ser discutido na terça-feira, contra o facto de não ter havido sessão solene no parlamento. Parece-me mais do que evidente que o PSD votará contra esta iniciativa, porque em certa medida ela revela uma posição partidária extremada, um certo tipo de ajuste de contas (recordo que o Bloco ficou isolado no apelo de boicote ao jantar oficial no parlamento, já que os demais partidos da oposição, e muito bem, compareceram), quando seria bom ter presente as declarações de Cavaco Silva hoje na conferência de imprensa. O BE está no seu direito, entenda-se, de fazer o que bem entender. O problema diz respeito apenas e só ao BE, particularmente nos momentos eleitorais. Eu continuo a afirmar que compreendo a desilusão de alguns, mesmo de alguns jornalistas no Continente que ainda hoje ouvi afirmarem numa rádio que Cavaco tinha que dizer alguma coisa porque as "coisas" não podiam ficar assim! Imagine-se a que ponto chegou isenção (aliás, uma das participantes, na análise aos resultados eleitorais chamou fascista, trocando Finni com outro aliado de Berlusconi e nem sequer pediu desculpa aos ouvintes pela asneirada). Mas as pessoas têm que perceber uma coisa: Cavaco Silva é, pretensamente, o Presidente de todos os portugueses. Seguramente é o Presidente de Portugal. Mas não foi eleito por todos os portugueses, tal como os seus antecessores, Mário Soares e Jorge Sampaio. Ou seja, ele teve uma base eleitoral de apoio natural que não se compadece nem com factos políticos mais ou menos polémicos, nem com estratégias da oposição. Obviamente que ninguém acredita que para o PS, PCP ou para o Bloco de Esquerda, por exemplo, Cavaco Silva seja o seu Presidente. Não é. Deixemo-nos de hipocrisias. Aliás, no que ao PS diz respeito, nem sei muito bem o que diga, pois na Madeira nem conseguiram garantir o apoio a Mário Soares e impedir o enxovalho de ter sido 3º, ultrapassado por Manuel Alegre pretensamente apoiado pelos "dissidentes" hoje congregados no Partido da Terra. Mas pelo que foi dito - e basta ler jornais na campanha eleitoral de então - obviamente que os socialistas, comunistas e bloquistas, não farão parte, na recandidatura de Cavaco Silva, da sua base eleitoral de apoio. Portanto, nada de andarmos aqui com discursos mansinhos ou com hipocrisias. Isto faz-me lembrar o Governo Regional do PSD da Madeira que não é o governo dos socialistas, dos comunistas ou dos bloquistas, que votam sempre contra todos os seus principais documentos, pese o facto de, na realidade, estarmos a falar de facto do Governo da Madeira, quer a oposição queira ou não. O Governo socialista de Sócrates é o governo de Portugal e dos portugueses, mas podem ter a certeza que não votei no PS. Limito-me a aceitar a vontade da maioria, mas isso não me obriga a "ir na onda" ou a ter que esconder que nada tenho a ver com Sócrates ou como PS. Porque motivo não há a mesma atitude em relação a Cavaco Silva por parte daqueles que não votaram nele e que o criticaram e criticam? Ah,já me esquecia, não se esqueçam acreditem ou não - tanto me dá - que eu também não votei em Cavaco Silva, mas isso são "contas de outro rosário"....
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