quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Um PIB incomodativo? (IV)

O sr. Paulo Barata, do “Farpas” resolveu prestar-me esclarecimentos sobre os indicadores do PIB de 271 regiões europeias, distribuídos ontem pelo Eurostat, e a propósito de um conjunto de pequenos comentários publicados neste meu espaço sobre este tema. Registo sempre com agrado todos os contributos para uma discussão séria, porque os considero necessários, para que, de uma vez por todas, possamos saber se o CIN (o sr. Paulo Barata sabe que não falo de tintas, pelo que dispenso comentários menores, até porque, quanto muito, quem andará a precisar de tintas será o PS, o seu partido, em fase de mudança para uma nova sede, e não eu) tem uma influência nefasta, ou não, no apuramento do valor do PIB regional. Oiço muita coisa, oiço-as há mais de quinze anos, as contradiçõe ssao tremendas, sempre que se fala no PIB regional lá vemo CIN pata cima da mesa, mas a verdade é que há uma forte carga político-partidária em todas as análises ao tema, pelo que nunca poderemos chegar a uma conclusão cientificamente fundamentada e provada. Fique o sr. Barata descansado que eu também sei da existência de dois estudos (não de um) sobre o peso do CIN no PIB regional e de uma forma mais global na economia madeirense. Tudo o que o sr. Barata disser sobre a utilidade das actividades desenvolvidas pelo CIN para a nossa economia, que eu não contesto, a verdade é que não passarão sempre e só, da sua opinião pessoal. Confesso que também já ouvi pessoas politicamente situadas na mesma área do sr. Barata terem uma versão oposta, assim como sei que no PSD há quem tenha visões diferentes quanto ao CIN.
Relativamente à sua argumentação, reconheço que poderei ter sido excessivo quanto à insinuação de potencial falseamento propositado de dados que possam estar na base do apuramento do PIB regional divulgado para os Açores. Diria hoje que, quanto muito, nada me impede de interrogar-me sobre se pode haver uma deliberada aposta em manter por mais alguns anos os Açores no lote das regiões “Objectivo 1”, desejando eu apenas que não apanhem já em 2010 alguma surpresa desagradável.
Percebi que o esclarecimento do sr. Barata tinha apenas uma intenção, que só me dá razão: “Ora, se retirarmos o peso do CINM do PIB da Madeira, cerca de 21%, veremos que o PIB da Madeira e dos Açores são quase iguais". Depois de considerações comparativas e qualitativas a vários sectores de actividade nas duas regiões, do elogio à Universidade dos Açores, que frequentou, em detrimento da Universidade da Madeira, o sr. Barata não esconde nem o seu posicionamento político e partidário, e faz muito bem, nem o que realmente me queria dizer: “(…) Agora a integridade dos agentes políticos está patente nos dois presidentes de Câmara condenados e noutros casos públicos de violações sistemáticas da Lei. Na qualidade do Ambiente os Açores estão incomparavelmente mais desenvolvidos do que a Madeira. Se alargarmos a nossa avaliação para a qualidade da Democracia, o funcionamento das Instituições, a liberdade da comunicação social, o respeito entre adversários políticos, o normal funcionamento do mercado e da concorrência, para o equilíbrio das finanças públicas, para transparência nos actos e decisões administrativas e pelo respeito pela Lei e pela Ética, então estamos a falar de dois mundos completamente diferentes”. Não entro nesse jogo, até porque penso de uma forma totalmente diferente da sua. Os indicadores falam por si, é através dos indicadores sociais e económicos que se mede o desenvovimento de regiões e países e se julgam políticas, pelo que é sobre isso que falei e nada mais. Finalmente, sr. Barata, queria apenas dizer-lhe que ressalvando o excesso do adjectivo referido ("falseamento" de dados), mantenho rigorosamente e no essencial tudo o que disse, desde o incómodo dos valores do PIB agora divulgados. E desiluda-se: não me vanglorio pelo facto dos Açores (que profissionalmente e por razões familares conheci provavelmente primeiro que o sr. Barata) serem uma das regiões mais pobers do Pais e da União, face aos valolres do PIB regional agora divulgado. Pelo contrário, quem me dera a mim que todas as regiões, mas sobretudo, por egoismo compreensivel, as duas regiões autónomas portuguesas, estivessem no topo do mundo, garantindo aos seus cidadãos o que eles desejam, sonham e merecem. Ou julga que eu porventura cairia no erro e na hipocrisia de afirmar que a Madeira é um paraiso onde não existem problemas, onde não há pobreza e carências, onde não há muito a fazer, onde também foram tomadas opções que não resultaram? Não pense nisso. Da minha parte não.

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