Jornalista (J) - Bom dia. O PSD, a quarta força política no último voto, dando sequência à série de entrevistas que a Antena 1 está a efectuar aos cabeças de lista dos partidos concorrentes a estas eleições regionais, hoje nos nossos estúdios temos a presença do Dr. Alberto João Jardim.
Muito bom dia.
“Há quem diga que é um verdadeiro dinossauro da política portuguesa. Já leva 35 vitórias eleitorais consecutivas e uma desistência a meio do curriculum...
JORNALISTA - ... satisfeito...
ALBERTO JOÃO:- Só tem um erro, foram trinta e nove vitórias e não trinta e cinco.
JORNALISTA - Uma diferença significativa, mas também há uma derrota pelo meio.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sim, uma vez que...
JORNALISTA - Não foi o PSD mas uma derrota pessoal, digamos assim, pessoal, enfim, em termos de aposta quando apoiou na altura a eleição do Dr. Jorge Sampaio.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sim, eu apoiei o candidato... Evidentemente que o Dr. Jorge Sampaio ganhava e foi daquelas apostas, a aposta era uma de carácter ter de apoiar o Engenheiro Ferreira do Amaral.
JORNALISTA - E saberia conviver com derrotas, se fosse o caso?
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sabe que eu nunca me esqueci de uma coisa que o Sr. Mário Soares uma vez me dizia, conversando: você falta-lhe uma coisa para ter uma experiência política consolidada, você falta-lhe conhecer a derrota.
Obviamente...
JORNALISTA - E subscreve isso?
ALBERTO JOÃO JARDIM - Subscrevo mas não para estas eleições! Calma aí que aí o que está em jogo é o futuro da Madeira. Para umas eleiçõezinhas quaisquer, se calhar, até me faziam bem. Mas também já não tenho muito tempo à minha frente para ir a muito mais eleições
JORNALISTA - Estas vão ser as últimas eleições
ALBERTO JOÃO JARDIM - Obviamente. Se quiser que eu diga, eu nunca disse sob palavra de honra, mas desta vez digo mesmo. Até porque...
JORNALISTA - É a última vez que se candidata à Presidência do Governo?
ALBERTO JOÃO JARDIM - ... à Presidência do Governo da Madeira, sim.
O meu partido tem que estar consciente disto e saber que eu não vou ser sempre uma solução de recurso.
JORNALISTA - Não estar aqui numa situação, como ouvimos aqui no perfil pelo João Carramanho, de uma situação de marcha-atrás. É que renunciou ou pelo menos duas vezes...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Renunciei e sei ser sob palavra de honra, atenção!
JORNALISTA - Mas uma vez foi mais do que palavra de honra, chegou a andar a fazer campanha a dizer que era a última!
ALBERTO JOÃO JARDIM - Eu não disse, nunca, sob palavra de honra porque pela idade que eu tinha era arriscado e com a vida política à portuguesa que nós temos neste país era arriscado. Mas neste momento...
JORNALISTA - Mas é pela idade que chega a essa conclusão? Tem 64 e daqui a quatro anos 68...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Exacto, porque daqui a quatro anos eu tenho 68 anos!
JORNALISTA - Há muitos políticos por essa Europa fora com essa idade ou mais.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Está bem, mas esses políticos nunca tiveram trinta anos seguidos na linha da frente, não passaram por uma revolução como foi a “Revolução dos cravos”, que felizmente terminou em bem mas que podia ter terminado mal, nunca passaram pelas dificuldades de se pegar numa terra, que era a mais atrasada do país e puxá-la para cima...
Ainda hoje eu ouvi uns idiotas quaisquer, num dos diários de cá, dizer: ah!, as eleições não mudam nada.
Os desgraçados se têm hoje uma vida melhor é porque as eleições sempre serviram para ir mudando alguma coisa. Isso é uma campanha de jornais para forçar a abstenção.
Porque sabem...
JORNALISTA - Nunca aconteceu, enfim, o que normalmente acontece nas democracias, que é a alternância.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Não, não é nesse sentido. Não é nesse sentido que eles dizem que não muda, dizem que não serve para nada. Isto ainda é herança do Salazarismo dizer que as eleições não servem para nada. Isto é ridículo.
Aliás penso que é uma manobra contra o PSD, porque toda a gente sabe que o que pode fazer estremecer o PSD é a abstenção.
JORNALISTA - É esse o seu maior receio nestas eleições?
ALBERTO JOÃO JARDIM - O meu maior receio é a abstenção, não são os outros partidos.
JORNALISTA - Sr. Presidente, disse que esta, enfim, é a sua última candidatura à Presidência do Governo e esta mandato, caso ganhe as eleições agora a 6 de Maio como tudo aponta, pelo menos as sondagens dão conta disso...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Não tanto! Desculpe, não é vitória... Olhe, isso é outro dos meus medos, não é só a questão da abstenção. É que as pessoas não podem pensar que há vitórias antecipadas. As vitórias só existem depois de contados os votos.
E não se esqueça que desta vez a Assembleia Legislativa desceu de 68 para 47 Deputados, que já não vão haver maiorias folgadas. Quem ganhar é “pelas pelinhas” e não pode haver aqui nem brincar ao voto útil nem.. ou, melhor, não pode haver aqui brincar aos pequenos partidos nem andar aqui a se abster porque isto vai ser “pelas pelinhas”.
Muito bom dia.
“Há quem diga que é um verdadeiro dinossauro da política portuguesa. Já leva 35 vitórias eleitorais consecutivas e uma desistência a meio do curriculum...
JORNALISTA - ... satisfeito...
ALBERTO JOÃO:- Só tem um erro, foram trinta e nove vitórias e não trinta e cinco.
JORNALISTA - Uma diferença significativa, mas também há uma derrota pelo meio.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sim, uma vez que...
JORNALISTA - Não foi o PSD mas uma derrota pessoal, digamos assim, pessoal, enfim, em termos de aposta quando apoiou na altura a eleição do Dr. Jorge Sampaio.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sim, eu apoiei o candidato... Evidentemente que o Dr. Jorge Sampaio ganhava e foi daquelas apostas, a aposta era uma de carácter ter de apoiar o Engenheiro Ferreira do Amaral.
JORNALISTA - E saberia conviver com derrotas, se fosse o caso?
ALBERTO JOÃO JARDIM - Sabe que eu nunca me esqueci de uma coisa que o Sr. Mário Soares uma vez me dizia, conversando: você falta-lhe uma coisa para ter uma experiência política consolidada, você falta-lhe conhecer a derrota.
Obviamente...
JORNALISTA - E subscreve isso?
ALBERTO JOÃO JARDIM - Subscrevo mas não para estas eleições! Calma aí que aí o que está em jogo é o futuro da Madeira. Para umas eleiçõezinhas quaisquer, se calhar, até me faziam bem. Mas também já não tenho muito tempo à minha frente para ir a muito mais eleições
JORNALISTA - Estas vão ser as últimas eleições
ALBERTO JOÃO JARDIM - Obviamente. Se quiser que eu diga, eu nunca disse sob palavra de honra, mas desta vez digo mesmo. Até porque...
JORNALISTA - É a última vez que se candidata à Presidência do Governo?
ALBERTO JOÃO JARDIM - ... à Presidência do Governo da Madeira, sim.
O meu partido tem que estar consciente disto e saber que eu não vou ser sempre uma solução de recurso.
JORNALISTA - Não estar aqui numa situação, como ouvimos aqui no perfil pelo João Carramanho, de uma situação de marcha-atrás. É que renunciou ou pelo menos duas vezes...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Renunciei e sei ser sob palavra de honra, atenção!
JORNALISTA - Mas uma vez foi mais do que palavra de honra, chegou a andar a fazer campanha a dizer que era a última!
ALBERTO JOÃO JARDIM - Eu não disse, nunca, sob palavra de honra porque pela idade que eu tinha era arriscado e com a vida política à portuguesa que nós temos neste país era arriscado. Mas neste momento...
JORNALISTA - Mas é pela idade que chega a essa conclusão? Tem 64 e daqui a quatro anos 68...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Exacto, porque daqui a quatro anos eu tenho 68 anos!
JORNALISTA - Há muitos políticos por essa Europa fora com essa idade ou mais.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Está bem, mas esses políticos nunca tiveram trinta anos seguidos na linha da frente, não passaram por uma revolução como foi a “Revolução dos cravos”, que felizmente terminou em bem mas que podia ter terminado mal, nunca passaram pelas dificuldades de se pegar numa terra, que era a mais atrasada do país e puxá-la para cima...
Ainda hoje eu ouvi uns idiotas quaisquer, num dos diários de cá, dizer: ah!, as eleições não mudam nada.
Os desgraçados se têm hoje uma vida melhor é porque as eleições sempre serviram para ir mudando alguma coisa. Isso é uma campanha de jornais para forçar a abstenção.
Porque sabem...
JORNALISTA - Nunca aconteceu, enfim, o que normalmente acontece nas democracias, que é a alternância.
ALBERTO JOÃO JARDIM - Não, não é nesse sentido. Não é nesse sentido que eles dizem que não muda, dizem que não serve para nada. Isto ainda é herança do Salazarismo dizer que as eleições não servem para nada. Isto é ridículo.
Aliás penso que é uma manobra contra o PSD, porque toda a gente sabe que o que pode fazer estremecer o PSD é a abstenção.
JORNALISTA - É esse o seu maior receio nestas eleições?
ALBERTO JOÃO JARDIM - O meu maior receio é a abstenção, não são os outros partidos.
JORNALISTA - Sr. Presidente, disse que esta, enfim, é a sua última candidatura à Presidência do Governo e esta mandato, caso ganhe as eleições agora a 6 de Maio como tudo aponta, pelo menos as sondagens dão conta disso...
ALBERTO JOÃO JARDIM - Não tanto! Desculpe, não é vitória... Olhe, isso é outro dos meus medos, não é só a questão da abstenção. É que as pessoas não podem pensar que há vitórias antecipadas. As vitórias só existem depois de contados os votos.
E não se esqueça que desta vez a Assembleia Legislativa desceu de 68 para 47 Deputados, que já não vão haver maiorias folgadas. Quem ganhar é “pelas pelinhas” e não pode haver aqui nem brincar ao voto útil nem.. ou, melhor, não pode haver aqui brincar aos pequenos partidos nem andar aqui a se abster porque isto vai ser “pelas pelinhas”.
Fonte: entrevista de Alberto João Jardim à RDP-Madeira, Abril de 2007
Sem comentários:
Enviar um comentário