Na escola portuguesa, as "férias
grandes" fazem jus ao nome. Portugal é dos países europeus onde os alunos
têm mais dias de descanso e com uma interrupção letiva de verão das mais
longas, de acordo com a mais recente recolha de dados da Eurydice - a rede da
Comissão Europeia que compara os sistemas educacionais europeus. A longa pausa
de verão, que pode durar até três meses no 3.º ciclo e secundário, é uma
realidade partilhada com países como Malta ou a Bulgária. Entre calendários e
tradições, estes dados revelam a diversidade de ritmos escolares na Europa - e
como o conceito de "férias grandes" muda consoante o país onde se
estuda.
No 1.º e 2.º ciclo, os alunos portugueses contam com quase quatro meses de interrupção letiva ao longo do ano, com destaque para os mais de dois meses de verão. São, em média, 119 dias sem aulas: entre 73 a 78 no verão, 19 no Natal e 24 distribuídos ao longo do ano. Este padrão coloca Portugal acima da média europeia, embora ainda abaixo de países como Malta, Bulgária ou Letónia.
À medida que os alunos progridem, as férias
aumentam. No 3.º ciclo, Portugal sobe para o topo da tabela, com um total de
132 dias de pausa - só superado por Malta, Irlanda e Bulgária. No secundário,
os números mantêm-se e Portugal consolida o terceiro lugar. Os alunos do 3.º
ciclo e secundário do ensino português têm entre 87 a 92 dias de férias no
verão, 19 no inverno e outros 23 ao longo do ano.
Os números refletem realidades distintas. Na
maioria dos casos, privilegia-se o descanso durante os meses de bom tempo, como
no verão, ou em períodos religiosos como o Natal e a Páscoa. Mas nalguns
países, outros critérios - culturais, climáticos ou pedagógicos - moldam o
calendário escolar.
A Bulgária lidera nos verões longos, chegando a
oferecer mais de três meses de pausa entre junho e setembro. Já Montenegro e a
Sérvia optam por invernos generosos, com 21 dias de pausa. O Liechtenstein
aposta numa distribuição atípica das férias: os alunos têm mais dias de pausa
espalhados ao longo do ano do que no verão. E na Turquia, o inverno passa-se
sem interrupção - não existe pausa natalícia no calendário escolar.
Quando acaba o verão? Depende de quem decide
As férias de verão na Europa arrancam entre o
final de maio e a segunda semana de julho. Na maioria dos sistemas, os alunos
gozam entre 8 a 12 semanas de interrupção letiva. Portugal insere-se no grupo
de países com um verão de entre 10 e 12 semanas, para alunos do 1.º e 2.º
ciclo, e depois com 12 ou mais semanas, para alunos do 3.º ciclo e secundário.
A pausa de verão varia significativamente entre os
países e oscila de acordo com o nível escolar. No norte e centro da Europa,
como na Dinamarca, França ou Noruega, as férias de verão não ultrapassam as
oito semanas. Já em grande parte do sul e oeste, incluindo Portugal, Malta e
Itália, os alunos podem gozar mais de 12 semanas de férias.
A maioria dos países europeus retoma as aulas em
setembro, mas nem todos o fazem ao mesmo ritmo. Quinze países fazem-no logo
entre o primeiro e o segundo dia de setembro, mas existem 10 sistemas de
educação a iniciar as aulas ainda em agosto. Enquanto em Malta o regresso só
acontece a 25 de setembro, na Finlândia há escolas a abrir portas logo no dia 8
de agosto. Em Portugal, o ano letivo de 2024/2025 arrancou no dia 12 de
setembro para todos os níveis escolares.
E quem decide quando está na altura de meter novamente a mochila às costas? Em Portugal, a decisão envolve diferentes autoridades. Mas há países com mais autonomia: em Itália são as regiões que escolhem o dia e na Irlanda cada escola define o seu próprio calendário. Na maioria dos países europeus, o fim das férias de verão é decretado por uma autoridade de alto nível (DN-Lisboa, texto da jornalista Inês Moura Pinto)
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