segunda-feira, julho 22, 2024

Porto vai limitar 'tuk-tuks' e autocarros de excursões turísticas no centro histórico

Em causa está um projeto-piloto que visa restringir a circulação de vários veículos turísticos no centro histórico do Porto, através da limitação de operadores de 'tuk-tuks' e de autocarros de excursões turísticas. PSD, CDU e BE saúdam medida. O Porto vai limitar a circulação de 'tuk-tuks' e autocarros de excursões no centro histórico, limitando também os autocarros de dois andares e acabando com a circulação do comboio turístico em 2026, anunciou, esta segunda-feira, o presidente da Câmara.

"Vai haver uma zona da cidade onde, dada a pressão existente hoje, o município, no exercício das suas competências, entende que há determinado número de veículos turísticos que não devem operar", disse Rui Moreira aos jornalistas, após reunião privada do executivo municipal. Em causa está um projeto-piloto que visa restringir a circulação de vários veículos turísticos no centro histórico do Porto, através da limitação de operadores de 'tuk-tuks' e de autocarros de excursões turísticas.

O projeto irá também limitar a duas empresas licenciadas a circulação de autocarros de circuitos turísticos de dois andares ('hop on-hop off'), bem como não renovar licenças do comboio turístico, que neste caso só caduca em março de 2026. A zona de restrição em causa estará compreendida entre a Rua de Gonçalo Cristóvão e o Túnel da Ribeira, com demarcações entre a Rua dos Bragas, a Rua de Cedofeita, a Rua da Restauração e a Rua Bandeirinha, bem como a Rua da Alegria e a Rua de Fernandes Tomás.

Relativamente aos 'tuk-tuks', que a autarquia estima serem mais de 100 na cidade, apesar de não ter controlo exato sobre o seu tráfego, dever-se-á verificar uma redução no centro histórico para menos de metade da frota atual, já que o serviço será licenciado apenas a cinco empresas, com oito veículos cada (40 no total) necessariamente elétricos, explicou aos jornalistas o adjunto do presidente André Brochado.

Já Rui Moreira considera que, após as obras do metro e construção das Linha Rosa (São Bento - Casa da Música) e Rubi (Santo Ovídio - Casa da Música), haverá uma redução do uso do transporte individual na cidade. "Se nós não criarmos aqui algum tampão, esse espaço vazio vai ser ocupado por operação comercial turística, como já vemos hoje", justificou o autarca independente, considerando que "este é um bom momento para, antecipando o fim das obras do metro, tomar medidas de restrição".

Para Rui Moreira, "é um pouco incompreensível para os cidadãos que a cidade do Porto e o Estado português estejam a fazer investimentos pesados em termos da descarbonização, do transporte limpo, em termos de autocarros elétricos, metro, e ao mesmo tempo vá permitir que veículos altamente poluentes continuem a invadir a cidade do Porto".

"Sejamos claros: vamos deixar de ver os autocarros turísticos a descarregar passageiros no Campo dos Mártires da Pátria, por exemplo. Ou aqui na Avenida dos Aliados", vincou aos jornalistas na Câmara do Porto. No caso dos autocarros de excursões turísticas, poderão passar a estacionar nos parques da Alfândega, Asprela ou das Camélias, cada um com um percurso pré-definido e regulamentado para lá chegar, segundo uma apresentação feita pelo adjunto do presidente na reunião do executivo.

Esperando começar a implementar as restrições pelo final de agosto, a Câmara irá ainda dialogar com os agentes do setor e implementar "um período transitório para avaliar a eficácia da medida e a necessidade de implementar medidas complementares", segundo a apresentação. Será também constituída uma equipa dedicada da Polícia Municipal para fiscalizar a implementação da zona dedicada.

PSD, CDU E BE SAÚDAM LIMITAÇÃO DE 'TUK-TUKS' E AUTOCARROS TURÍSTICOS NO CENTRO DA CIDADE

Os vereadores do PSD, CDU e BE na Câmara do Porto saudaram a decisão da autarquia. À margem da reunião privada do executivo, na qual o assunto foi discutido, o vereador do PSD, Alberto Machado, afirmou ser necessário atuar sobre este setor que, sem regulamentação, torna o centro da cidade "num caos".

"Vemos esta proposta com bons olhos", salientou, congratulando a escolha dos parques da Alfândega e das Camélias, garantindo que os turistas ficam perto das principais atrações da cidade. "É preciso criar um equilíbrio entre o usufruto da cidade por parte dos turistas, mas também dos moradores, comerciantes e de quem cá trabalha", acrescentou.

Também o vereador do BE, Sérgio Aires, saudou a decisão, mas considerou que o Porto "está a correr atrás do problema". "Quando estas questões foram abordadas na campanha eleitoral e nós falávamos de turistificação éramos crucificados. Finalmente, quase quatro anos depois, estamos a criar consenso que de facto é preciso fazer alguma coisa", defendeu.

Para o vereador, alguns dos problemas que o centro da cidade enfrenta ao nível da mobilidade já poderiam ter sido resolvidos. "Isto não é só o problema da mobilidade, é o problema do alojamento local, o problema da habitação, é aí que vamos acabar esta conversa, é precisamente no problema da habitação e na incapacidade da cidade acolher quem precisa de acolher", considerou. À semelhança do BE, também a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, concordou com a necessidade de se estabelecerem regras com vista a "um equilíbrio entre as diversas atividades" que se desenvolvem na cidade, "não deixando que uma atividade se sobreponha a todas as outras".

"O Porto tem pessoas que a habitam, designadamente aqui na zona central onde há maior pressão de turismo. É necessário encontrar equilíbrios entre a mobilidade dos que cá vivem, dos que nos visitam, mas também o direito ao descanso e defesa do ambiente em termos de ruído e emissões", afirmou. Para a CDU, são necessárias medidas que regulem o setor "antes que seja tarde demais" (Expresso)

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