Partiste cedo demais e eu nada pude fazer para o evitar.
Ficaram as memórias ténues de um tempo breve.
Partiste cedo demais, e sou forçado a perdoar-te a ausência, quando tudo obrigaria a que ainda aqui estivesses.
Para veres tudo o que veio depois, para viveres esse tempo novo que não pudeste viver.
Lá longe onde estiveres, que tenhas a paz como tua companhia.
Olha por mim, sempre, como tens feito. Não saias do meu lado. Mesmo que não dê pela tua presença.
Ficaram as memórias ténues de um tempo breve.
Partiste cedo demais, e sou forçado a perdoar-te a ausência, quando tudo obrigaria a que ainda aqui estivesses.
Para veres tudo o que veio depois, para viveres esse tempo novo que não pudeste viver.
Lá longe onde estiveres, que tenhas a paz como tua companhia.
Olha por mim, sempre, como tens feito. Não saias do meu lado. Mesmo que não dê pela tua presença.
***
Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro
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