sábado, novembro 02, 2013

EUA acusam economia alemã de sufocar parceiros da União Europeia

Li no site da RTP que "pressionados pelas revelações sobre a espionagem da NSA, os Estados Unidos contra-atacam nos depoimentos dos chefes das suas "secretas" ao Congresso, e voltam a contra-atacar num relatório que responsabiliza a Alemanha por parte das dificuldades dos seus parceiros europeus e pela estagnação da procura interna alemã. As reacções governamentais e patronais alemãs são tudo menos agradadas. O relatório semestral ontem publicado pelo Departamento do Tesouro norte-americano acusa a Alemanha de promover o sector exportador da sua economia à custa de dois tipos de vítimas: a própria população alemã, condenada a restringir o consumo e a não beneficiar plenamente do crescimento económico; e os parceiros comerciais da Alemanha no mundo, e em especial os parceiros europeus que ainda se encontram atolados na crise. O relatório afirma, textualmente, que "o anémico ritmo de crescimento da procura interna da Alemanha e a dependência das exportações têm prejudicado o restabelecimento do equilíbrio num momento em que muitos outros países da euro zona têm estado sob forte pressão para limitar a procura e para comprimir as importações de forma a promover o ajustamento".
Na Alemanha, as reacções patronais e governamentais não se fizeram esperar. O Ministério da Economia considerou que a crítica "não merece compreensão", argumentando que o excedente da balança comercial se deve à forte competitividade da economia alemã e desmentindo que a procura interna esteja a ser negligenciada. Esta voltou entretanto a ser, segundo o Ministério, um dos motores do crescimento do país. As reacções patronais mostraram ainda mais irritação. O secretário geral da associação das indústrias produtoras de máquinas, Hannes Hesse, classificou, em declaração ao site de Der Spiegel, as apreciações do relatório como "um disparate total" e afirmou que a economia alemã é mesmo o contrário do que sustenta o documento: um pilar "sobre o qual assenta a estabilidade da Europa" e que impede a Europa toda de se afundar na crise. Também Stefan Mair, um dos directores da BDI (equivalente alemão da CIP portuguesa), replicou ao relatório norte-americano que "a pujança das exportações alemãs resulta de produtos inovadores, que são apreciados e comprados em todo o mundo". Ainda mais incisivo foi Anton Börner, presidente da associação do comércio grossista: "Temos excedentes por sermos tão bons".
Só o SPD, actualmente em negociações com Merkel tendo em vista um possível governo de bloco central - "Grande Coligação", para os alemães -, ecoou favoravelmente uma das críticas do relatório norte-americano. Um dos dirigentes social-democratas, Hubertus Heil, comentou que "a tarefa que temos de assumir como nação é a de reforçar a procura interna na Alemanha". No mesmo sentido, Gustav Horn, o director do para-sindical Instituto para a Macroeconomia e a Investigação da conjuntura, considerou "absolutamente justificado" o reparo norte-americano sobre o ngeligenciamento da procura interna, acrescentando que boa parte dos lucros da exportação vai parar fora do país"