Escreve
o Jornal I que o Ministro que tutela a comunicação, Poiares Maduro, criou uma
equipa com elementos do seu gabinete e especialistas externos para
"fornecer ideias" sobre futuro da RTP. Qual é o modelo financeiro
para garantir a sustentabilidade da RTP? Esta incógnita tem provocado alguns
incómodos não só ao governo como junto da administração da estação pública. De
um lado está o o presidente do canal público, Alberto da Ponte, que pede
urgência ao executivo de Passos Coelho na tomada de decisões como condição
básica para conseguir implementar a tempo o Plano de Desenvolvimento e
Redimensionamento (PDR). Do outro está o ministro com a tutela da comunicação
social, Miguel Poiares Maduro, que já anunciou que o Estado vai deixar de
injectar dinheiro. Assim, a partir de 2014, a RTP terá de contar apenas com as
receitas da contribuição audiovisual e da publicidade, que este ano deverá cair
10% face ao que estava inicialmente previsto. No meio deste impasse surge mais
um grupo de trabalho que o ministro Poiares Maduro decidiu juntar com o
objectivo de debater possíveis soluções para o futuro da RTP e analisar o
processo de contratação de concessão de serviço público. A tutela contudo
recusa-se a assumir o "carácter formal" desta iniciativa, explicando
tratar-se apenas de uma decisão que passou por reunir "um grupo de
assessores" do seu gabinete com a tarefa de "trabalhar nesta
matéria".
Trata-se
portanto de uma equipa criada dentro do seu gabinete, mas que terá também a
participação de alguns especialistas convidados por Poiares Maduro. O objectivo
passa sobretudo por "fornecer ideias", uma vez que na prática não
será elaborado "qualquer relatório", esclareceu fonte do gabinete do
ministro. Figuras como Nuno Artur Silva, produtor de conteúdos audiovisuais
para SIC e RTP, Jorge Ponce de Leão, presidente do conselho da administração da
ANA - Aeroportos e ex-vice presidente da RTP, José Pedro Ribeiro, presidente
Instituto do Cinema e do Audiovisual ou ainda Manuel Falcão, antigo director do
canal 2, são alguns dos nomes que deverão integrar este painel de especialistas
que o ministro Poiares Maduro tem vindo a ouvir, segundo o i apurou. Nuno Artur
Silva, contactado pelo i, admite que foi consultado pela tutela, mas prefere
não revelar em que moldes que essa auscultação foi feita, justificando que tem
de ser a tutela a esclarecer essa matéria. Manuel Falcão, por seu turno,
recusa-se a fazer qualquer comentário sobre este assunto, assegurando, contudo,
não ter conhecimento sobre a "criação informal ou formal" de um grupo
de trabalho criado pelo ministro. O antigo director do canal 2 defendeu, no
entanto, que a gestão da RTP terá de ser concretizada em função dos recursos
existentes e que neste momento se resumem à contribuição audiovisual: "Daí
a necessidade de definir prioridades, estabelecer critérios para serviço
público e, provavelmente, tomar decisões difíceis." O i tentou entrar em
contacto com Jorge Ponce de Leão e José Pedro Ribeiro, mas não conseguiu até ao
fecho desta edição.
MAL-ESTAR
O
anúncio do corte das indemnizações compensatórias e a ausência de uma solução
para o futuro da estação pública levou já o presidente da RTP a dizer que está
"seriamente preocupado". Alberto da Ponte afirmou ao
"Expresso" que "não há administração que consiga fazer o seu
trabalho se não tiver uma orientação clara e atempada por parte do
accionista". A apreensão será partilhada pela direcção do canal. Na
comissão parlamentar de Ética, Cidadania e Comunicação da última quarta-feira,
Poiares Maduro admitiu estarem a ser estudadas novas formas de financiamento da
RTP, que poderão passar pela criação de parcerias para ajudar "a empresa a
crescer".