domingo, junho 02, 2013

Contas das empresas públicas de transportes voltam a derrapar

Segundo o Publico, num texto da jornalista Raquel Almeida Correia, "meta de reequilíbrio financeiro imposta pela troika foi cumprida em 2012, mas os resultados pioraram no primeiro trimestre deste ano, fruto da quebra nas receitas e da obrigação de pagar subsídios de férias As contas das empresas públicas de transportes voltaram a derrapar no primeiro trimestre deste ano, furando a meta de reequilíbrio financeiro imposta pelas autoridades externas. O indicador que é tido em conta pela troika para medir o desempenho do sector (o EBITDA ajustado) caiu para 3,15 milhões de euros negativos, contrariando a tendência de inversão de perdas registada em 2012, ano em que se alcançou um resultado positivo de 4,6 milhões. O desempenho do sector piorou fruto da perda de receitas. Face aos três primeiros meses de 2012, as transportadoras do Estado geraram menos quatro milhões de euros, tendo a facturação atingido 142,7 milhões entre Janeiro e Março deste ano (o valor compara com os 146,7 milhões do período homólogo). Apesar de já se verificar há muitos meses uma redução na procura, é a primeira vez desde 2010 que se assiste a uma queda global nas receitas do sector. A perda sucessiva de passageiros nos transportes públicos tem sido compensada pelos impactos positivos dos aumentos tarifários aplicados desde meados do ano passado e que atingiram uma média de 20%. No entanto, este equilíbrio não se está a verificar em 2013. É que, além da contínua quebra na procura, está a ganhar força o fenómeno da fraude. De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO, a taxa de passageiros que não paga bilhete consegue chegar aos 30% em alguns momentos do dia nos modos de transporte de rede aberta, como os autocarros da Carris e da STCP. A inversão dos resultados das transportadoras públicas também está muito relacionado com o facto de estarem obrigadas a repor o subsídio de férias aos trabalhadores, na sequência do chumbo do Tribunal Constitucional à eliminação desta rubrica, prevista no Orçamento do Estado para 2013. Apesar de o pagamento dos subsídios ainda não ter sido concretizado, as transportadoras já provisionaram os montantes a despender e que equivalem a cerca de 7% dos custos com pessoal. Já era esperado que o chumbo à medida tivesse efeitos negativos nas contas do sector. Os 3,15 milhões negativos de EBITDA ajustado (um indicador que tem em conta os resultados operacionais nas empresas, extraindo efeitos excepcionais e temporários como o pagamento de indemnizações decorrentes do programa de rescisões em curso) não respeitam a meta acordada com a troika, no âmbito do programa de assistência financeira.  As autoridades externas exigiram ao Governo que reequilibrasse as contas do sector até ao final de 2012 e o objectivo foi cumprido. Mas agora será necessário encontrar soluções para assegurar que não haverá desvios. A alternativa passará por um reforço dos programas de contenção de custos, nomeadamente pelo acelerar do emagrecimento dos quadros de pessoal. Desde o início de 2011, saíram 2614 trabalhadores das transportadoras do Estado, o que significa uma redução de 15,9% face às 16.406 pessoas que empregavam há dois anos. Até agora, as empresas gastaram mais de 60 milhões de euros com indemnizações. A meta até ao final deste ano é chegar a 20% de redução de funcionários. Além de intensificar o corte de despesas, a ideia passa também por recuperar as receitas que estão a ser perdidas. Esse objectivo deverá ser cumprido com um reforço da fiscalização para prevenir as situações de fraude, até porque não estão previstos novos aumentos tarifários. Mais negativo do que o EBITDAajustado é o resultado líquido do sector, que, de acordo com um relatório da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, atingiu 1466,6 milhões de euros em 2012. A empresa que registou maiores prejuízos foi a Metro de Lisboa, com 588,8 milhões".