domingo, junho 02, 2013

Constança Cunha e Sá: «O primeiro-ministro confunde o que não pode ser confundido»



Constança Cunha e Sá defendeu, esta quinta-feira, na TVI24 que não há racionalidade nos cortes anunciados pelo Governo para a Função Pública. Para a comentadora, prova disso são as declarações proferidas por Pedro Passos Coelho depois do Conselho de Ministros ter aprovado o Orçamento Retificativo para 2013. Constança Cunha e Sá voltou a sublinhar que o primeiro-ministro não pode responsabilizar o Tribunal Constitucional (TC) por medidas que são tomadas pelo Governo. «O que eu achei mais extraordinário nas declarações do primeiro-ministro foi a afirmação de que, confrontado com uma promessa eleitoral que fez em tempos de que não despediria nem diminuiria os salários da Função Pública, o primeiro-ministro apareceu com esta pérola, disse: as circunstâncias mudaram. E o que é que mudou? O Tribunal Constitucional. O TC inviabilizou todos os caminhos do Governo para se resolver a fatura salarial, justificou o primeiro-ministro, e em consequência disso, tivemos que cortar nos salários da Função Pública e vamos ter que despedir funcionários públicos», resumiu Constança Cunha e Sá, no espaço de análise nas «Notícias às 21:00». Para a comentadora, o que se conclui das palavras de Passos Coelho é que os cortes anunciados não têm nada a ver com a reforma do Estado. «É triste confirmar-se que o próprio primeiro-ministro vem dizer: eu estou a despedir funcionários públicos e estou a diminuir a remuneração dos funcionários públicos, não porque isso seja necessário (¿) mas pura e simplesmente porque o TC não me deixou ir por outro caminho. E o outro caminho era fantástico: era o corte dos subsídios, que era uma medida temporária (ele também se esqueceu de dizer isso)», realçou Constança Cunha e Sá.  A comentadora sublinhou que «o que o TC chumbou eram medidas temporárias, e estas são medidas permanentes. Portanto o primeiro-ministro confunde o que não pode ser confundido. (¿) E seria de esperar que um Governo, em relação a medidas permanentes, as tomasse pelo valor delas próprias».  Para Constança Cunha e Sá, as palavras do primeiro-ministro fazem prova de que «não há racionalidade nenhuma nestes cortes. Estes cortes aparecem, segundo o primeiro-ministro, porque o Governo ficou sem saídas. Ficou sem saídas, e olhou ao lado, e foi cortar onde lhe dava mais jeito».  A comentadora voltou a dizer que é mau responsabilizar o Tribunal Constitucional por medidas que são tomadas pelo Governo. «O Tribunal Constitucional não é um bode expiatório. O primeiro-ministro tem que meter isso, de uma vez por todas, na cabeça», rematou. (veja aqui o vídeo da TVI)