Segundo o Expresso, "Durão Barroso rejeitou responsabilidade do seu governo na grave situação financeira a que Portugal chegou e deixou em aberto um regresso à vida política portuguesa depois de terminar o mandato como presidente da Comissão Europeia. "No ano em que eu concluí o meu mandato [de primeiro-ministro português, em 2004], conseguimos por o défice nos valores desejados, a menos de 57 % do PIB, (...) E agora, quando Portugal pediu o programa, estava em 107% do PIB. Alguma coisa se passou", disse José Manuel Durão Barroso em entrevista à SIC. "Portanto, há responsabilidades, e temos de as assumir como país, mas atenção: não foi o meu governo que criou esta situação muitíssimo grave", acrescentou. Questionado sobre se pretende regressar à política ativa em Portugal depois de terminar o segundo mandato como presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso assegurou que não tomou "nenhuma decisão" e recusou "fazer especulações". "O futuro a Deus pertence. Há muitas coisas que não dependem de nós e, sobretudo, não podemos ter a pretensão de controlar o futuro", afirmou.
Durão Barroso espera que Portugal não peça condições iguais às da Grécia
O presidente da Comissão Europeia afirmou esperar que Portugal não reclame a aplicação do princípio de igualdade para obter as mesmas condições da Grécia, porque isso faria baixar a confiança dos investidores em Portugal. "O princípio está lá e pode ser eventualmente aplicado. Espero que Portugal não chegue a uma situação como a da Grécia, em que tenha que aplicar essas mesmas condições, que já são vistas como de um país que não foi capaz de cumprir o programa. É isso que Portugal quer?", questionou. Durão Barroso frisou que o objetivo de Portugal "é voltar aos mercados" no final de 2013 e que a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional consideram que "isso é possível", dado o "comportamento notável" de Portugal no cumprimento do programa. "É notável como, em tão pouco tempo, Portugal conseguiu distinguir-se de uma situação como é a da Grécia, porque, no inicio, a tendência dos investidores era pôr Portugal exatamente na mesma categoria da Grécia", disse. "Portugal vai cumprir este programa, a Grécia está a negociar um segundo programa (...) porque o primeiro não funcionou", frisou. Durão Barroso salientou que "lutou pelo princípio da igualdade", mas sublinhou que a situação dos dois países "é de facto muito diferente" e embora haja "a possibilidade de conseguir uma equiparação das condições", isso não é desejável. "Estamos a lidar com um problema que também é de confiança. Portugal está a conseguir, apesar das dificuldades, nomeadamente o desemprego, que é, a meu ver, o primeiro problema. Portugal está a conseguir reganhar, a pouco e pouco, a confiança dos investidores", disse"