Segundo a jornalista do Publico, Alexandra Campos, “nos hospitais, há menos mil camas e nos centros de saúde ainda há 17% de utentes sem médico de família. Quanto à dívida acumulada, falta pagar uma parte substancial. Depois de sucessivos atrasos, a transformação progressiva da ADSE e de outros subsistemas de saúde dos funcionários públicos em modelos que não dependam do financiamento estatal vai finalmente arrancar em 2013, com a reavaliação do pacote de serviços incluídos e a transferência de alguns destes para o Serviço Nacional de Saúde, destaca o relatório da sexta avaliação ao memorando de entendimento. O que a troika desde o início pretende, mas o Governo tarda em concretizar, é que os subsistemas de saúde dos funcionários públicos (como a ADSE, o da PSP e o dos militares) se aproximem dos modelos dos seguros de saúde privados, tornando-se auto-sustentáveis no médio prazo.
"Já houve alguns esforços para alinhar as taxas pagas aos prestadores privados com as do SNS e o orçamento de 2013 propõe que um determinado tipo de serviços e a correspondente despesa sejam transferidos para o SNS", refere o documento, sem adiantar mais detalhes. Também os descontos efectuados pelas entidades patronais (que actualmente são de 2,5% dos salários) vão passar para metade, medida que deve avançar no próximo ano. O corte de mil camas nos hospitais públicos é outra das medidas realçadas no documento, que lembra que as autoridades confirmaram o seu compromisso de reorganizar a rede hospitalar. Já em curso desde 2011 estão várias fusões e fechos de hospitais e departamentos com o objectivo de "eliminar mil camas", refere o relatório, que nota, porém, que a parte da reforma hospitalar que visa "maiores poupanças" só vai concretizar-se entre 2013 e 2014. Este mês, o Governo anunciou a intenção de reduzir o número de camas hospitalares, o que levou a Ordem dos Médicos a reagir, lembrando que Portugal já está abaixo da média da OCDE (3,3 camas por mil habitantes contra 4,9, na OCDE). Nos centros de saúde, o relatório revela que a percentagem de pessoas sem médico de família ronda ainda os 17%, mas prevê que em 2013 seja possível diminuir a dimensão deste problema, graças à criação de novas Unidades de Saúde Familiar (eram 344 este ano) e ao aumento do número de doentes por médico de família (de 1500 para 1900). Já em relação às taxas moderadoras, a troika baixou as suas estimativas: depois de ter previsto na quinta avaliação uma receita adicional de 150 milhões de euros, admite agora que atingirá os 80 a 90 milhões de euros (que se somarão aos 100 milhões antes obtidos), mais 16 a 26 milhões do que a estimativa para 2012 feita em Outubro pelo secretário de Estado da Saúde. Longe de estar concretizado na totalidade está o pagamento das dívidas acumuladas no sector, apesar da significativa redução entretanto verificada. Já foram pagos 1,5 mil milhões de euros [primeiro orçamento rectificativo, em Abril] e outros débitos serão saldados, nomeadamente através de um segundo orçamento rectificativo de 432 milhões de euros, lê-se no relatório. Este reforço financeiro ainda não tinha recebido luz verde da troika, tendo o ministro da Saúde admitido que o assunto estava em estudo. No documento são também destacadas as "importantes poupanças" obtidas em 2011 e este ano no sector hospitalar (314 milhões e 400 milhões de euros, respectivamente), a que se somará uma poupança de 250 milhões de euros em 2013, em parte para compensar a devolução do 13.º mês”.