Segundo o Expresso, num texto do jornalista Jorge Nascimento Rodrigues, "a probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa subiu para 34,16%, depois de ontem ter fechado em 32,83%. O "salto" é significativo numa só manhã. Juros da dívida a 10 anos continuam acima de 8%. Portugal regressou ao 7.º lugar no grupo dos 10 países com maior risco de entrada em bancarrota num horizonte de cinco anos, segundo dados da CMA DataVision. Ontem já havia subido para a 8ª posição. Nas últimas semanas tinha descido para a 9ª posição, tendo o risco estado no patamar dos 30% em 17 e 18 de outubro (este o primeiro dia da recente cimeira europeia). Ao final da manhã de hoje, o risco situa-se em 34,16%, tendo fechado ontem em 32,28% e tendo aberto hoje em 32,83%. Um salto significativo. O custo dos credit default swaps (derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de incumprimento e que são acionados durante eventos de crédito) ainda não está, contudo, em 500 pontos base, situando-se agora em 471,62 pontos base. Dia 17 de outubro, esse custo estava em 410,76 pontos base. As yields das obrigações do Tesouro no mercado secundário continuam em alta em todas as maturidades. No prazo a 10 anos continuam acima de 8%, depois de terem estado ultimamente abaixo desse nível, no que parecia ser uma trajetória descendente em direção aos 7%.
Dados da execução orçamental e evolução da dívida
Os resultados da execução orçamental dos primeiros sete meses de 2012 foram ontem divulgados pela Direcção Geral do Orçamento e estão a ser "digeridos" pelos investidores e analistas internacionais. Um dos traços negativos que tem sido sublinhado respeita à trajetória das receitas fiscais, que se situaram 4,9% abaixo dos valores em igual período de 2011. Os maiores aumentos durante o segundo trimestre deste ano no rácio da dívida soberana em relação ao PIB ocorreram na Grécia (mais 13,4 pontos percentuais), Chipre (mais 8,3 pontos percentuais) e Portugal (5,6 pontos percentuais), segundo dados do Eurostat de hoje comparando com o primeiro trimestre do ano. Comparando com período homólogo do anos passado (2º trimestre de 2011), os aumentos foram ainda mais expressivo: Chipre com 16,5 pontos percentuais, Portugal com 10,8 pontos percentuais, Irlanda com 10 pontos percentuais e Espanha com 9,3 pontos percentuais. O rácio da dívida soberana/PIB para Portugal é de 117,5% no final do segundo trimestre de 2012, o terceiro maior da zona euro, depois da Grécia (150,3%) e Itália (126,1%). Trata-se do rácio de acordo com os critérios de Maastricht (no entanto, sobre o mercado dos cds, muitos analistas advertem que, nesta altura, é difícil identificar que parte do preço resulta de confiança ou desconfiança real no crédito, de posições induzidas por LTRO (linha do Banco Central Europeu para financiamento de operações de longo prazo) não contabilizadas com valores de mercado, ou apenas por uma falta de vontade de assumir o risco de crédito. Esta advertência é extensiva a todo o mercado de cds ligado à dívida na zona euro)"