sábado, setembro 22, 2012

Bancos ganham mais de cinco mil milhões com dívida portuguesa!

Segundo o Económico, "desde final de Junho, a dívida pública portuguesa, a mais de um ano, valorizou-se no mercado em mais de 15%. A carteira de dívida pública portuguesa dos bancos nacionais, a mais de um ano, valorizou-se, em menos de três meses, em mais de cinco mil milhões de euros. Esta evolução, ainda que potencial, reflecte a positiva reacção dos mercados nas últimas semanas às decisões tomadas pelo Banco Central Europeu (BCE) no início do mês. A subida do valor das obrigações portuguesas de médio/longo prazo no mercado vai, não duvidam os analistas, trazer frutos para o sector na melhoria dos seus níveis de capitais próprios. De acordo com os dados do Banco de Portugal, os bancos somavam, à data de 30 de Junho, um valor superior a 33 mil milhões de euros de títulos de dívida pública nacional com maturidade superior a um ano. Desde então e até agora, as obrigações portuguesas valorizaram, em média, 15,48% no mercado secundário. A evolução da conjuntura política em Portugal irá ditar a sustentabilidade ou não deste comportamento dos investidores mas, pelo menos neste terceiro trimestre, as contas dos bancos, em termos de capitais próprios, deverão ser beneficiadas. A dimensão desse efeito dependerá muito do ponto de partida de cada instituição. Por um lado, as eventuais mais-valias potenciais serão maiores ou menores consoante o valor de aquisição das obrigações do Tesouro que possuem em carteira, claro. Depois, para o bem e para o mal, o efeito nos capitais próprios é maior quanto maior o peso relativo da dívida pública face à dimensão de cada instituição. A banca enfrenta nesta altura a necessidade de cumprir as exigências quer da troika, fruto do programa de ajuda a Portugal, quer da autoridade bancária europeia, a EBA. No entanto, estas valorizações potenciais não são consideradas para efeitos de core tier 1. Em termos de rentabilidade, os analistas ouvidos avisam que não vale a pena esperar grandes efeitos nas contas das instituições. "A maioria dos títulos que estão na carteira dos bancos está contabilizada como activos disponíveis para venda ou a deter até à maturidade", lembra um dos especialistas. O pouco que os bancos ainda detêm na carteira de negociação não vai, à partida, ter efeitos de maior nos resultados de operações financeiras ('trading') dos bancos.
Principais bancos detêm mais de um terço da exposição
Tal como no período mais difícil foram os principais bancos nacionais os mais afectados pela exposição à dívida pública portuguesa, o efeito inverso dever-se-á sentir agora. Só a CGD, o BCP, o BES, o BPI_e o Santander Totta somam mais de 12 mil milhões de euros de títulos a mais de um ano nas suas carteiras de negociação e de activos disponíveis para venda. Apesar da crise da dívida soberana, os bancos portugueses continuam a ser investidores de peso em dívida soberana. Por um lado, pelas taxas oferecidas e também pela sua utilização para desconto no BCE. As estatísticas falam por si. Desde o início do ano que a exposição dos bancos portugueses a dívida soberana subiu quase 30% para um total superior a 33 mil milhões de euros. O grosso deste investimento é canalizado pata dívida pública portuguesa. A 30 de Junho, e de acordo com os relatórios e contas dos bancos, as aplicações em obrigações do Tesouro de maturidade superior a um ano ultrapassava os quatro mil milhões de euros no caso do BES, os três mil milhões de euros no caso do BCP e os 2 mil milhões de euros no caso do BPI. Mais atrás a carteira do Santander Totta e da CGD está acima dos mil milhões de euros cada.
Principais bancos
- A 30 de Junho, o BCP somava cerca de 3,1 mil milhões de exposição a dívida pública portuguesa a mais de um ano.
- No BES, essa mesma exposição rondava os 4,3 mil milhões de euros.
- O BPI tinha mais de 2,3 mil milhões de euros contabilizados de dívida pública portuguesa.
- O Santander Totta registava cerca de 1,3 mil milhões de euros.
- A exposição da CGD ronda os 1,1 mil milhões”.