sábado, fevereiro 04, 2012

Desporto madeirense precisa de revolução e plano de resgate específico

Sinceramente penso que o futuro do sector desportivo regional passa pela coragem de um plano de resgate financeiro - primeira prioridade - para os clubes. Mas não só. Associado a esse plano de resgate terá que ser aplicado um novo modelo de prioridades, a começar pela formação, expurgando das equipas desses escalões atletas estrangeiros. E isto deve ser obrigatório. Uma segunda questão tem a ver com o estabelecimento de prioridades em termos de objetivos, seguindo-se a coragem de travar uma certa fobia pela participação generalizada e descontrolada em provas nacionais, por tudo e por nada. Onde é que existe alguma mais-valia para a Madeira, e para os jovens atletas madeirenses, em termos de divulgação de algumas modalidades desportivas que nem sequer são das mais massificadas, termos equipas a participar em competições nacionais que nem atletas da Região apresentam? Qual a mais-valia para a Madeira de termos equipas de formação (?) constituída, em termos de corpo de jogadores em atividade, por 70 ou 80% de atletas vindos de fora da Região? Estas coisas têm que passar a ter regras claras. Não há margem para hesitações. Reforce-se a ideia de que é necessário reintroduzir e reforçar o desporto escolar, reintroduzam-se as competições desportivas entre escolas, em diversas modalidades, e que existiram durante muitos anos. Não se procure "justificar" o injustificável mantendo situações que são absolutamente impossíveis de manter, no que ao desporto diz respeito - há outras noutras áreas de intervenção, como é evidente - porque a mudança tem que ser feita. Não podemos confundir modalidades mais massificadas e que mais receitas geram para a região com outras que sobrevivem. Não podemos manter no mesmo saco - e isto nada tem a ver com o respeito que os clubes merecem - coletividades que junto dos cidadãos têm uma dimensão diferente e procuram objetivos desportivos profissionais que não se podem também confundir com as modalidades ditas (algumas indevidamente) de amadoras. Ou seja, mais do que discutir a extinção do IDRAM ou os cortes em 15% dos apoios financeiros ao desporto em 2012 (e em 2013? e em 2014?), há que preparar um plano financeiro que alivie a situação de muitos clubes - alguns deles em situação absolutamente aflitiva, de falência efetiva - para partirmos despois para uma alteração global ao nível da revisão dos contratos-programas, da gestão de infraestruturas, da resolução da pouco abonatória (para a Madeira) da situação dos Barreiros (dizem-me que as obras já realizadas podem ser concluídas com mais 2,5 a 3 milhões de euros, devendo para isso o Marítimo prescindir da destruição da atual bancada central e dos investimentos ali previstos da ordem dos 17 a 20 milhões de euros), etc. Temos que ter uma nova orientação, se necessário imposta, relativamente ao atleta madeirense; temos que escolher as modalidades que devem ter uma dimensão regional e não mais do que isso; temos que saber se em termos do futebol, particularmente dos escalões secundários, se justificam os actuais modelos, que tipos de despesas os clubes estão obrigados, que receitas e despesas têm, etc. Precisamos que os clubes apresentem rapidamente uma auditoria interna para se conhecer a realidade financeira de todos eles - aliás acho que qualquer medida deveria estar condicionada a isso - definir rumos e prioridades, etc. Esta reforma, se quiserem, esta revolução, tem que ser feita ao longo de 2012. Não podemos estar sujeitos a notícias publicadas "às pinguinhas" nos meios de comunicação ou a situações humilhantes e mesmo caricatas de ausências em competições nacionais por falta de dinheiro para viagens. Não podemos tolerar mais pressões, mesmo de associações, que pretendem manter esquemas que não podem mais ser sustentados, porque são estes esquemas de participação aloucada e sem critério em provas nacionais, que servem aos interesses corporativistas e os mantêm em posições dirigentes. A nossa realidade é a que é. E não há volta a dar. Para que tudo isto se resolva, há que reunir todas as partes interessadas, em vez de andarmos com cagança nos meios de comunicação social, com recados nos jornais ou nas rádios, sem que nada disto tenha qualquer efeito positivo, porque a degradação da presente situação é mais do que evidente. Sinceramente acho que o Governo Regional deveria constituir um grupo de trabalho restrito, mas competente, para pensar o futuro e propor caminhos. Sujeitar-se a pressões vai apenas conduzir o desporto regional para o fosso.

Sem comentários:

Enviar um comentário