sábado, fevereiro 04, 2012

Buraco do BPN sobe para 5,3 mil milhões (na realidade já quase nos 7 mil milhões)

Segundo os jornalistas do Correio da Manhã, António Sérgio Azenha e Diana Ramos, “os capitais públicos disponibilizados pelo Estado para o BPN - para o chamado buraco financeiro - atingem já cerca de 5,3 mil milhões de euros. O valor é actualmente superior ao montante dos depósitos existentes no período em que o banco foi nacionalizado. O próprio Governo admitiu, em Setembro, num documento enviado ao grupo parlamentar do BE, que as responsabilidades efectivas do Estado para com o BPN ascendiam a 4,5 mil milhões de euros. Agora, somam--se-lhes os 600 milhões de euros que o Executivo terá de injectar para que a instituição cumpra os rácios de capital impostos pelas autoridades. O reforço dos capitais estava previsto no acordo com o BIC, mas as estimativas apontavam para necessidades de capital a rondar os 500 milhões. Numa resposta ao BE, o secretário de Estado do Orçamento veio confirmar que o valor é, afinal, de 600 milhões. Além desta injecção de capital, o Estado terá de assegurar 167 milhões em provisões para crédito malparado. Feitas as contas, a factura ascende já aos 5,267 mil milhões de euros. E não estão ainda contabilizados os encargos financeiros que o Tesouro terá de suportar com os trabalhadores que não venham a ser absorvidos pelo banco de Mira Amaral. No final de 2008, altura em que o BPN foi nacionalizado, a poupança dos particulares, entre depósitos à ordem e a prazo, ascendia a 4,9 mil milhões, abaixo dos 5,3 mil milhões injectados pelo Estado. Perante isto, o BE já pediu a ida do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ao Parlamento. "É preciso avaliar a gestão que foi feita", diz o deputado João Semedo. Em requerimento, o BE diz que o BIC irá receber um BPN ‘limpo', onde "deverão constar créditos de 2,2 mil milhões e 1,8 mil milhões em depósitos".

"ERA ARRISCADO EXPERIENCIAR FUGA DE DEPÓSITOS"

O deputado do PS Ricardo Rodrigues admite que "nunca se esperou que [o buraco] atingisse os cinco mil milhões", mas diz que "valeu a pena correr o risco" da nacionalização. "Era arriscado experienciar a fuga de depósitos", diz. Já Hugo Velosa lembra que o PSD defendeu o plano de Miguel Cadilhe e, por isso, sustenta que a nacionalização "foi uma decisão muito ruinosa para o Estado". Para João Semedo, do BE, "a nacionalização foi feita de forma defeituosa". E Honório Novo, do PCP, sublinha que o resultado de tal opção "está à vista". João Almeida, do CDS-PP, lembra que "foi o Banco de Portugal que disse que havia risco sistémico" e admite que "este foi um processo penoso para o Estado, que recebeu um BPN lastimável".

BERARDO DIZ QUE NÃO ESTÁ EM FALÊNCIA

Joe Berardo garantiu que os seus créditos bancários foram todos obtidos com garantias concedidas pelo próprio ou pelas suas empresas. Sem entrar em grandes comentários sobre o seu alegado incumprimento com os pagamentos à Banca, o empresário madeirense, em declarações ao CM, foi categórico: "Os bancos têm garantias dos meus empréstimos." E, segundo fonte próxima de Berardo, a sua alegada falência "é totalmente falsa." O empresário é apontado como um dos grandes devedores aos bancos, cujos créditos foram vistos à lupa pela troika. Berardo obteve empréstimos bancários de valor elevado para comprar acções do BCP, que desvalorizaram. É o caso, segundo o ‘i', do crédito de mil milhões concedido pela CGD em 2007. Fonte próxima do empresário diz que esse valor não corresponde à verdade. Joe Berardo vai, em princí-pio, segundo fonte próxima do empresário, acompanhar o aumento de capital do BCP, em 2012. Com uma participação de 4,23% no capital social do banco, através do Grupo Berardo, o empresário madeirense terá de acompanhar essa operação caso queira manter a sua posição de accionistas”.

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