quinta-feira, setembro 08, 2011

Turismo: Madeira recupera, Açores contraria o crescimento do sector

"O turismo nacional está a ganhar fôlego, mas os arquipélagos têm tido desempenhos extremos durante os últimos meses. No ano passado, a Madeira teve fortes quebras no turismo, mas o arquipélago está agora em clara recuperação, apresentando crescimentos muito acima da média do país. Pelo contrário, os Açores, que em 2010 foram uma das regiões que mais resistiram aos impactos da crise nas viagens, assistem, este ano, a descidas acentuadas, em contraciclo com a tendência da actividade turística nacional. Os dois arquipélagos portugueses representam os extremos do comportamento do sector do turismo, que, depois de uma fase de queda na procura e retracção nos gastos dos visitantes, está a dar sinais mais positivos. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, até Junho, o número de dormidas subiu 8,8 por cento e os proveitos dos hotéis cresceram 6,5 por cento, para 800 milhões de euros. Há, nesta inversão de tendências, uma região que se destaca. A Madeira, que fechou 2010 com os piores resultados do país, está a escalar todos os indicadores, tendo registado, entre Janeiro e Junho, aumentos de 14,2 por cento nas estadias e de 12,4 por cento nos proveitos (as maiores subidas a nível nacional). Este cenário tem uma explicação importante. Os resultados deste ano contrastam com as fortes quebras de 2010, fruto da crise económica, mas, principalmente, dos episódios que foram prejudicando a atractividade da Madeira enquanto destino turístico. Nomeadamente, o temporal de Fevereiro, as restrições aéreas provocadas pelas cinzas vulcânicas e os incêndios que devastaram a região. "Não fossem estas ocorrências, o ano de 2010 teria registado, certamente, uma evolução bem diferente daquela que acabou por somar, uma vez que os principais mercados europeus davam, logo no início do ano, sinais claros de recuperação", explicou a secretária regional do Turismo e Transportes da Madeira, Conceição Estudante. Contas feitas, o arquipélago fechou o ano passado com 4.993.525 dormidas (menos 9,2 por cento do que o registado em 2009) e 226 milhões de proveitos (menos 11,4 por cento). Além de se comparar com um ano muito desfavorável para a região, a governante também justifica as subidas registadas este ano com "o esforço promocional levado a cabo em todos os mercados (...) num trabalho intenso e intensivo sem precedentes". É exemplo disso a campanha que juntou várias figuras públicas portuguesas, apelando ao destino, que vive, ainda assim, muito mais dependente dos turistas internacionais, que representam perto de 85 por cento dos visitantes. À escalada nas dormidas e nos proveitos juntam-se ainda os resultados positivos em termos de taxa líquida de ocupação dos quartos. Em Junho de 2011, a taxa chegou a 60,5 por cento, muito acima da média nacional (47,4 por cento). E há que somar outro factor essencial a esta recuperação: a liberalização do negócio de transporte aéreo, que está a conduzir à entrada de companhias de aviação de baixo custo na Madeira, aumentando o potencial de chegada de passageiros ao arquipélago.
Açores em contraciclo
O mesmo não se passa nos Açores, região para onde ainda só existem voos de transportadoras tradicionais (TAP e SATA). E, em termos de ligações aéreas, apesar da quantidade de aeroportos no arquipélago, continua a criar polémica o facto de o projecto de ampliação da pista da infra-estrutura aeroportuária da Horta não estar concluído, uma antiga reivindicação do governo regional. Estes têm sido, por isso, dois dos motivos apontados para os fracos resultados do destino, que, ao contrário da Madeira, ainda depende muito dos turistas nacionais, que representam mais de 40 por cento do total de visitantes que chegam às nove ilhas. Este ano, os Açores têm estado em contraciclo com o resto do país, tendo sido mesmo a única região a registar quebras nas dormidas e nos proveitos entre Janeiro e Junho. Neste período, o número de estadias no arquipélago caiu 1,9 por cento e as receitas dos estabelecimentos hoteleiros desceram 7,7 por cento, números totalmente contrários aos que se registaram no total do território português. E isto depois de, em 2010, os Açores terem apresentado, em alguns meses, subidas acima da média nacional. O PÚBLICO contactou a Secretaria Regional da Economia dos Açores, pedindo um comentário sobre estes resultados negativos no sector do Turismo, mas não obteve uma resposta até ao fecho desta edição
(Texto da jornalista do Publico, Raquel Almeida Correia, com a devida vénia)

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