segunda-feira, julho 11, 2011

Não prego (nem ouro pregar) moralidade. Apenas comento

Não tenho, nunca tive, e quem me conhece bem sabe disso, a veleidade de querer ser moralista, seja de quem for ou a propósito do que quer que seja. Não tenho, nunca tive, vocação para essas pregações idiotas. Mas recuso, e não abdico dessa liberdade, alinhar pela treta de que somos todos obrigados a reconhecer a existência de princípios éticos, formativos e deontológicos a terceiros, que não existem, muito menos tendo por base a profissão que exercem. Todas as profissões são dignas, todas exigem regras de conduta, todas reclamam que quem as exerce o cumprimento rigoroso de padrões de actuação que não se podem confundir com arruaça ou mal formação. O pior que nos pode acontecer é sermos obrigados, por culpa própria, a dar razão a Charles Baudelaire, poeta, filósofo e crítico francês que no seu “Diário Íntimo” escreveu um dia: “É impossível percorrer uma qualquer gazeta, seja de que dia for, ou de que mês, ou de que ano, sem aí encontrar, em cada linha, os sinais da perversidade humana mais espantosa, ao mesmo tempo que as presunções mais surpreendentes de probidade, de bondade, de caridade, a as afirmações mais descaradas, relativas ao progresso e à civilização. Qualquer jornal, da primeira linha à última, não passa de um tecido de horrores. Guerras, crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes dos príncipes, crimes das nações, crimes dos particulares, uma embriaguez de atrocidade universal. E é com este repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a sua refeição de todas as manhãs. Tudo, neste mundo, transpira o crime: o jornal, a muralha e o rosto do homem. Não compreendo que uma mão pura possa tocar num jornal sem uma convulsão de asco”.

Sem comentários:

Enviar um comentário