quarta-feira, abril 27, 2011

FMI salva empresas de transportes da ameaça de ruptura de tesouraria

Escreve o Jornal de Negócios num texto dos jornalistas Alexandra Noronha e Pedro Ferreira Esteves que "o Estado contraiu empréstimos a três e seis meses para fazer face às necessidades das empresas de transportes, "garantidos" com dinheiro que virá da ajuda externa. O juro contratado está entre 5% e 6%.Os empréstimos que o Tesouro está a disponibilizar às empresas de transportes, que precisaram de verbas para fazer face a uma iminente ruptura financeira, foram "garantidos" pela ajuda externa que será disponibilizada a Portugal. Segundo soube o Negócios junto de fonte financeira, os montantes em causa, que para já foram disponibilizados para a CP, Refer e Metro do Porto, têm um prazo entre três e seis meses, contando que o dinheiro da ajuda externa possa ser utilizado quando chegar ao fim o prazo para a sua liquidação. Ou seja, a "troika" do FMI e da Comissão Europeia que está em Portugal a negociar a ajuda tem conhecimento destas operações. Recorde-se que o Estado terá reservado uma verba de 800 milhões de euros para ajudar a financiar as empresas públicas em apuros, que são sobretudo as de transportes que viram o seu "rating" descer para "lixo" depois de despromovidas pelas agências de notação de risco. O Estado já avançou com 300 milhões de euros para a Refer e 120 milhões para a CP, que tinham empréstimos a vencer nas semanas que passaram. Deverá estar a libertar também cerca de 100 milhões para o Metro do Porto e mais virão brevemente, nomeadamente para a Transtejo e outros compromissos da CP e Refer. Estes montantes foram, segundo soube o Negócios, contraídos através de bancos europeus (franceses, espanhóis e italianos), mas também com a participação de alguns portugueses, em especial seguradoras. As condições que o Estado conseguiu incluem taxas de juro entre os 5% e os 6%, precisamente o preço que deverá ter a ajuda externa. O dinheiro está a ser canalizado para as empresas através de Empréstimos do Tesouro, uma via que já não se usava desde a década de 80. A urgência em obter este dinheiro foi determinada pelo risco de ruptura de tesouraria em que estas empresas incorriam porque não estavam a conseguir financiar-se nos mercados.
Necessidades ainda não estão cobertas
As necessidades de financiamento das empresas de transportes ainda não estão cobertas para os próximos tempos. Só a CP precisa de mais de 600 milhões de euros para garantir que cumpre as suas responsabilidades este ano. A Refer por sua vez terá mais de 800 milhões de euros em dívida vencida este ano. A empresa de infra-estruturas, que tem a sua gestão reduzida a quatro administradores depois da saída de Vicente Pereira para a CP, tem mais dificuldade do que a transportadora em financiar-se, porque tem receitas próprias reduzidas e depende em muito da CP para pagara a taxa de uso da infra-estrutura. As duas empresas separaram-se em 1997, seguindo as recomendações da União Europeia no que diz respeito ao sector das infra-estruturas ferroviárias. O objectivo é incentivar a concorrência entre operadores, o que é mais difícil se as infra-estruturas também estiverem integradas na empresa. O Estado teria depois que rentabilizar as infra-estruturas de outras formas, visto que é um negócio deficitário por natureza
”.

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