
Pardal aceita encontro
O procurador Carlos Filipe recorda ainda um contacto de Armando Vara e Lopes Barreira com Mário Lino, em que o ex-administrador do BCP e o seu amigo Barreira transmitiram ao então ministro “que a Refer prosseguia o seu comportamento lesivo da O2 no concursos e consultas públicas de adjudicação de contratos de compra e venda e de prestação de serviços na área dos resíduos”. Em causa estavam duas queixas-crime apresentadas pela Refer relativamente ao furto de material ferroviário (3.690 metros de carril e 5.275 travessas de madeira) na Linha do Tua, que deram origem a um processo judicial no Tribunal de Macedo de Cavaleiros que condenou a O2 a indemnizar a Refer em 106 mil euros. O grupo Godinho não se conformou e recorreu para a Relação do Porto. Mas, entretanto, a Refer alterou as regras de contratação, passando a afastar qualquer empresa com dívidas pendentes – uma requisito que incluía a O2 e a marginalizava. Ainda, segundo a acusação, Vara e Barreira “procuraram persuadir Mário Lino da conveniência em destituir Luís Pardal das suas funções de presidente da administração da Refer”. Diz o magistrado que, posteriormente, “Mário Lino contactou Pardal dando-lhe conta que lhe havia chegado a informação que a Refer continuava a prejudicar a O2 (...) e urgiu-o a modificar o comportamento da Refer com a O2 (...), tendo-o, a este propósito, induzido a aceitar uma reunião com Godinho”. Os esforços de Mário Lino tiveram efeito, acabando Pardal por se encontrar com o empresário das sucatas. Mas o conflito manteve-se, tendo, entretanto, a operação Face Oculta, há um ano atrás, travado a evolução do processo. A ex-secretária de Estado da Obras Públicas de Mário Lino, Ana Paula Vitorino, depôs no âmbito do inquérito e, segundo foi noticiado este semana, terá afirmado que o ministro e Vara lhe terão chamado a atenção para o diferendo entre a Refer e o grupo Godinho, lembrando-lhe que o empresário era “amigo do PS”. Ana Paula Vitorino, diz a acusação, ter-se-á recusado a demitir Pardal ou dar instruções para se reatarem os negócios com Manuel José Godinho”.
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