sábado, outubro 23, 2010

Cavaco decisivo para arranque das negociações?

Escreve o jornalista do Económico, Francisco Teixeira que "o estilo é o de sempre: no recato, o Presidente foi aproximando Governo e PSD para se sentarem à mesma mesa. O último mês foi vivido, ao minuto, no Palácio de Belém. Cavaco não abdica do estilo de sempre, recato e uma "silenciosa magistratura de influência", e, hoje, quando vir o seu ex-ministro das Finanças sentado à mesma mesa de Teixeira dos Santos terá certamente a sensação de dever cumprido. Ou melhor, quase cumprido, porque sem acordo o País regressará num ápice à linha de abismo. Desde 27 de Setembro o Presidente geriu, no silêncio do gabinete em Belém e nos encontros que manteve com os protagonistas partidários, uma ameaça de demissão do Governo, o choque frontal de posições entre Sócrates e Passos Coelho em torno da viabilização do OE e a ameaça consistente de que passaria os últimos quatro meses de mandato com um impasse político ao colo. Cavaco manteve, desde 27 de Setembro, quando assumiu que não tinha "estado parado" porque "há coisas que se fazem de forma discreta", um papel determinante no desfecho de hoje. Começou por apelar ao "sentido de responsabilidade dos dirigentes políticos" e chamou os partidos, um a um, ao Palácio de Belém, para os sensibilizar para "a forte dependência da economia portuguesa relativamente aos financiamentos externos a que recorrem o Estado, o sector bancário e os agentes económicos"; exigiu no Centenário da República "contenção verbal" menos "crispação" e mais "soluções"; e, a partir de 8 de Outubro, manteve uma linha de pressão sobre o Governo. Desde então falou mais do que uma vez na "melhoria" do conteúdo do Orçamento. Pelo meio anunciou a sua candidatura presidencial sem dar a cara, sem se expor, mas deixando nas entrelinhas uma ideia-chave: corre para a reeleição sem se deixar condicionar pelas estratégias partidárias. Quer que o Orçamento seja aprovado, acredita que deve ser melhorado e o impasse político evitado. Na terça-feira, quando regressar ao CCB para lançar a candidatura, Cavaco bem pode replicar a frase que deixou cair, horas antes, de anunciar a primeira candidatura a 20 de Outubro de 2005: "Hoje é um dia de grande responsabilidade".

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