Li aqui um texto da jornalista Ana Suspiro segundo o qual "a falência técnica da TAP está a agravar-se ao ritmo de meio milhão de euros por dia. Segundo a Parpública, a gestora das participações do Estado, a companhia chegou ao final de Junho deste ano com os capitais próprios negativos em 306,8 milhões de euros, "valor que compara com os 204,6 milhões de euros negativos registados no final de 2009". Este agravamento, de 102 milhões, foi bastante superior aos prejuízos registados pela companhia no semestre em causa: 79 milhões. E, antecipa a Parpública, a situação vai piorar nos próximos meses, opinião contrária àquela que vem sendo defendida pela TAP.Aquando do comunicado sobre as contas do semestre, a empresa salientou que "a sazonalidade que caracteriza a operação faz que os resultados do primeiro semestre sejam habitualmente inferiores aos da segunda metade do ano", razão pela qual se manifestou confiante em chegar ao final do ano com lucros. A Parpública diz que não. "Para o final de 2010, a IATA [Associação Internacional de Transporte Aéreo] estima um agravamento dos preços do combustível pelo que, mesmo atendendo à sazonalidade (...), é expectável que se venha a verificar um agravamento dos custos de exploração da TAP, comprometendo ainda mais os resultados para o final do ano", lê-se no relatório da gestora das participações do Estado ontem publicado.Perdas financeiras acumuladas Este relatório da Parpública permite também conhecer dados sobre as contas semestrais da TAP que a transportadora não divulgou no comunicado sobre os resultados. Assim, e além dos prejuízos de 28 milhões no ramo de Manutenção e de 12 milhões na Groundforce, a TAP somou a isto "um resultado financeiro negativo" de 21 milhões de euros, fruto do "impacto do custo de financiamento", diz a Parpública. Mais: A transportadora perdeu 18,9 milhões no semestre com as "diferenças de câmbio desfavoráveis" e conta ainda com "processos laborais a decorrer relativos à subsidiária TAP Manutenção e Engenharia Brasil com possibilidade de perda provável no montante de 29 milhões de euros", diz a Parpública. No início de Agosto, o i escreveu que a situação de falência técnica da empresa não parava de se agravar, e que a administração de Fernando Pinto pediu ao Estado uma injecção de 300 milhões de euros na empresa. Na mesma altura, o ministério das Obras Públicas, numa carta citada pelo i, assumia a urgência em recapitalizar a empresa - ainda que António Mendonça, ministro com a tutela, tenha convocado uma conferência para referir que o termo "urgência", utilizado pelo seu ministério na carta, era "exagerado". Agora, com os capitais próprios negativos a saltar de 204 milhões para 306,8 milhões, talvez a urgência já possa ser um termo usado para falar da TAP. Vender 10% da EDP Segundo o relatório, a Parpública fechou o semestre com prejuízos de 104 milhões de euros, valor que compara com 218 milhões de lucro no mesmo período de 2009. As perdas da TAP e a queda das acções da EDP - que levou a uma perda potencial de 158 milhões de euros nas contas - foram as razões apontadas pela Parpública para esta evolução. Nota final para a semi-revelação presente no relatório: o governo deverá vender até ao final do ano "cerca de 7% do capital da Galp e aproximadamente 10% do capital da EDP" - o governo tinha apenas anunciado que iria vender até 10% da EDP".
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