"Portugal deverá voltar ao crescimento positivo este ano, diz o banco central. Boa notícia. O PIB, em 2010, deverá crescer 0,7%. Péssima notícia. Não por ser um valor baixo (o PIB dos nossos parceiros não será muito diferente) mas pelo que lhe está subjacente: o contributo das exportações (0,4%) é praticamente o mesmo da procura interna (0,3%, com destaque para o consumo público e privado). Ou seja, as exportações, que deviam ser a locomotiva do crescimento, cedem o palco ao consumo (o investimento será negativo). Dir-se-á que é bom que o consumo suba. É. Só que o grande contributo para o crescimento devia vir das exportações. E do investimento. Estimular o consumo numa economia como a nossa, com o argumento da defesa de postos de trabalho, só serve para agravar o défice externo. É claro que nada disto é surpresa. O próprio banco central diz porquê: "(...) persistência de fragilidades de natureza estrutural (...) as quais têm limitado o crescimento potencial na última década." Só que este "pormaior", o maior entrave ao nosso desenvolvimento, foi ignorado pelo ministro das Finanças ao comentar ontem as previsões. Definitivamente os países não desaparecem; mas que ficam mais pobres, lá isso ficam.
P.S. - A Grécia falsificou os números das finanças públicas. Mais uma razão para repetir o que já aqui se disse: nunca devia ter sido admitida na UEM. Até porque em 2001, para entrar no clube, já tinha feito contabilidade criativa
P.S. - Esperemos que Teixeira dos Santos tenha tomado nota da reacção dos mercados ao aviso que a Moody's fez a Portugal". (por Camilo Lourenço, Jornal de Negócios)
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