PSD quer que PS esclareça financiamentos no Brasil
Segundo o jornalista do Publico, José Augusto Moreira, "o PSD desafiou o Partido Socialista a esclarecer as acusações de que terá negociado financiamentos em troca de cargos, relacionados com a campanha eleitoral de 2005 no círculo de fora da Europa. José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades durante o último Governo do PSD, considera que são "extremamente graves" as denúncias lançadas pelo então cabeça-de-lista do PS, Aníbal Araújo, e que "o PS não se pode furtar a dar esclarecimentos num processo com esta gravidade", disse, citado pela agência Lusa. Anteontem a rádio TSF divulgou declarações de Araújo explicando que os socialistas José Lello e António Braga se reuniram com o empresário luso-brasileiro Licínio Bastos, encontro onde terão sido negociados financiamentos para a campanha eleitoral de 2005 a troco de nomeações para cargos. Nesse ano, a campanha que o PS levou a cabo junto da comunidade portuguesa no Brasil deu nas vistas pelos invulgares meios utilizados, tanto que levou elementos da federação local a escrever a José Sócrates, denunciando que a escolha do cabeça-de-lista tinha sido "comprada" por Licínio Santos, empresário que dois anos passados viria a der detido pela polícia brasileira pelas suas ligações à chamada máfia dos bingos. Os "elevadíssimos meios financeiros" que a campanha desenvolvida pelos socialistas no Brasil denunciavam levaram o PSD a apresentar uma queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) em 2005. Os sociais-democratas denunciavam que o PS estava a utilizar 30 programas de rádio, spots televisivos diários e faixas publicitárias a serem transportadas por aviões sobre as praias do Rio de Janeiro. A CNE viria a condenar a utilização de meios ilegais pelo PS, mas limitou-se a aplicar uma advertência escrita, uma vez que a lei não prevê sanções no caso das campanhas eleitorais fora do território nacional. Além de financiador da campanha, Licínio Santos era também o proprietário do edifício onde estava instalada a sede do PS no Rio de Janeiro, na prestigiada área da Barra da Tijuca. Cerca de um ano após as eleições, o empresário veio a ser nomeado cônsul honorário de Portugal em Cabo Frio, no Brasil, por despacho do secretário de Estado das Comunidades, António Braga. No âmbito da operação que levou à detenção de 25 pessoas ligadas à máfia dos bingos, a polícia brasileira efectuou escutas onde era invocado o nome de António Braga. O PSD requereu então que o secretário de Estado fosse à Assembleia da República explicar a indicação e nomeação de Licínio Bastos como cônsul honorário, bem como se tinha sido avaliado o facto de ele ser proprietário de casas de jogo ilegais. António Braga disse desconhecer qualquer mácula no currículo do empresário e que a sua nomeação foi revogada logo que conhecidas as suas ligações aos esquemas de jogos ilegais".
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