Alberto João Jardim: «politólogo» ou politicólogo?

"No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa, vemos lá a palavra politicologia, que é o estudo da política, bem como a palavra politologia com o mesmo sentido.
Mas não encontramos o que por aí se chama de «politólogo».

O que lá está é politicólogo, pessoa que se dedica ao estudo da Política, que estuda o fenómeno político ou sistema governativo. Não é que eu estranhe os pontapés sistematicamente dados na Língua Portuguesa.

Estamos habituados, é mais um sinal da mediocridade pátria. O meu comentário vai para a unção divina que parece ser dada a estes seres chamados agora de «politólogos», talvez por não os reconhecerem politicólogos.

Suas Excelências falam de cátedra, normalmente sem contraditório, e em vez do estudo profundo do fenómeno político ou do sistema governativo, debitam palavras situacionistas, dentro do próprio Sistema, visando compô-lo para mantê-lo, alem de comodamente integrarem o coro sem imaginação, dos ataques aos que, como eu, somos opositores, desculpem a expressão, desta coisa que os Portugueses aturam. Não é que tal aqueça ou arrefeça quem tenha o bom hábito de pensar pela sua própria cabeça, desprezando o «politicamente correcto» e as «ideias feitas» com que nos metralham permanentemente, visando o objectivo principal de manter a Situação a que Portugal infelizmente chegou.

O que é importante, é chamar a atenção para o défice democrático na formação da Opinião Pública. Tal como o monocórdico dos comentários económicos e financeiros com que encheram os ouvidos dos Portugueses e, desmentindo-os, temos a crise que vivemos, é trágico que a politicologia portuguesa seja apresentada exclusivamente com acordes situacionistas e não faça a autopsia do sistema político-constitucional, para efeito das mudanças de fundo que se impõem.

Formar a Opinião Pública sem contraditório, serve para manter tudo mais ou menos na mesma. Mas não serve a Democracia portuguesa" (crónica de Alberto João Jardim na TVI,24)