Papa: Bento XVI recordou João Paulo II
Na sua mensagem de 1 de Janeiro, Dia da Paz, o Papa Bento XVI recordou o seu antecessor, João Paulo II, particularmente a sua mensagem de 1 de Janeiro de 2003 - "SE QUERES A PAZ, VAI AO ENCONTRO DOS POBRES" - que obviamente poucos de recordarão. Mas deixo-vos aqui uma ligação a um texto papel que, pela sua importância, ainda hoje alguns recordam, como pelos vistos ficou demonstrado: "Qual é a pessoa de boa vontade que não aspira pela paz? Esta é hoje reconhecida universalmente como um dos valores mais elevados a ser procurados e defendidos. Apesar disto, enquanto se vai dissipando o espectro de um conflito atroz entre blocos ideológicos opostos, graves conflitos locais continuam ateando-se em várias regiões da terra. Particularmente, salta à vista de todos a dramática situação actual da Bósnia-Herzegóvina, onde os acontecimentos bélicos continuam a ceifar cada dia novas vítimas, especialmente entre a população civil inerte, e a causar ingentes danos às coisas e ao território. Parece que nada consegue opor-se à violência insensata das armas: nem os esforços conjuntos a favor de uma trégua, nem a acção humanitária das Organizações Internacionais, nem as súplicas de paz que se elevam em coro daquelas terras ensanguentadas pelos combates. Infelizmente, a lógica aberrante da guerra prevalece sobre os reiterados e qualificados convites à paz. Vai-se também afirmando no mundo, com uma gravidade sempre maior, uma outra séria ameaça à paz: muitas pessoas, mais, inteiras populações vivem hoje em condições de extrema pobreza. A disparidade entre ricos e pobres tornou-se mais evidente, mesmo nas regiões economicamente mais desenvolvidas. Trata-se de um problema que se impõe à consciência da humanidade, visto que as condições em que se encontra um grande número de pessoas são tais que ofendem sua dignidade natural e comprometem, consequentemente, o autêntico e harmónico progresso da comunidade mundial. Esta realidade emerge em toda a sua gravidade em numerosos Países do mundo: tanto na Europa como na África, Ásia e América. Em várias regiões, muitos são os desafios sociais e económicos com que os crentes e homens de boa vontade se devem enfrentar. Pobreza e miséria, diferenças sociais e injustiças até às vezes legalizadas, conflitos fratricidas e regimes opressores interpelam a consciência de inteiras populações por toda a parte do mundo (...) É vastíssimo hoje o número das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza. Penso, entre outras, nas situações dramáticas de alguns países africanos, asiáticos e latino-americanos. São grupos imensos, com frequência, faixas inteiras de populações que, nos seus próprios países, se vêem à margem da civilização: entre elas, há um número crescente de crianças que para sobreviver só podem contar consigo próprias. Semelhante situação não constitui somente uma ofensa à dignidade humana, mas representa também uma inegável ameaça para a paz. Um Estado, seja qual for a sua organização política e o seu sistema económico, permanece em si mesmo frágil e instável, se não demonstra uma contínua atenção pelos seus membros mais débeis, e não faz tudo o que pode para garantir solução pelo menos às suas necessidades mais elementares".
Sem comentários:
Enviar um comentário