sexta-feira, julho 04, 2008

Comemorações

Eu sinceramente acho que as comemorações oficiais do Dia da Região e das Comunidades caíram numa banalização que chega a ser confrangedora. Não é sequer pela rotina com que tudo é feito – pega-se no programa do ano anterior e “chapa quatro” aplicando-o ao ano seguinte. É pelo que essas comemorações não significam e deveriam significar. Trata-se de perceber que estas comemorações só fazem sentido se envolverem as pessoas, se os cidadãos se sentirem parte delas, em vez de estarmos a falar de comemorações de circunstância que não passam de actos elitistas circunscritos a alguns políticos, em que é por vezes notório um esforço quase forçado para marcar presença nos eventos em que o mais importante é acabar, mesmo antes d éter começado. Para mim, e não me venham com fantasias, as comemorações do Dia da Região a manterem o actual figurino, banalizam-se e pouco ou nada dizem às pessoas e em vez de aproximaram os cidadãos, aumentam o seu distanciamento, alheamento caso queiram, com reflexos depois no que as pessoas pensam da autonomia e dos seus protagonistas. Fazer uma sessão solene organizada pelo Parlamento, sem a oposição que protesta contra o facto de não usar da palavra, em que há praticamente um tempo limitado para o acto, porque às 12 horas a ”romaria” tem que vir depositar uma coroa de flores, ou duas, ou três, as que quiserem na Estátua da Autonomia, seguindo-se uma cerimónia de imposição de condecorações, num salão nobre do Governo, a que se segue, horas depois, lá para o final da tarde se realize um “Te Deum”, acaba por ser uma rotina. O que se espera são ideias novas, se possível já no próximo ano, por exemplo envolvendo os jovens ou programando ao longo do ano escolar actividades complementares nas escolas que culminariam no 1 de Julho com a atribuição de prémios aliciantes aos jovens. Porque razão alguns actos das comemorações não se podem concentrar todos num concelho? Porque motivo a imposição de insígnias ou condecorações tem que ser feita no salão nobre no Funchal e não no edifício de um município qualquer? O mais importante é o acto ou o local onde ele se realiza? Porque motivo as coroas de flores terão que ser depositadas logo às 12 horas numa estátua quando isso poderia ser feito jogando com a inevitabilidade de um “Te Deum” nunca antes das 18 horas? Porque razão não se pode realizar a cerimónia parlamentar e as insígnias num mesmo concelho ou freguesia, sem pressas, sem aquele aspectos mau, de uma romaria de carros pretos que chegam rapidamente carregados de pessoas engravatadas, que entram numa sala, que por lá ficam duas horas, que depois voltam a sair apressadamente, metem-se nos carros pretos e zarpam a grande velocidade para o Funchal, para a tal deposição de flores na Estatua da Autonomia? No próximo ano, por exemplo, gostaria de saber é possível ou não encomendar um estudo de opinião, cientificamente sério, que nos desse uma ideia do que pensam hoje os madeirenses, por escalões etários devidamente diferenciados, sobre a Autonomia, sobre o passado histórico da Madeira, sobre o futuro, sobre que soluções se colocam, sobre quais os principais problemas que o povo entende serem os da Madeira do nosso tempo, sobre o que pensam eles dos partidos, dos políticos, do sistema político, das instituições autonómicas, etc. Falar da Autonomia sem saber o que pensam as pessoas – e não tenham dúvidas que as eleições por si só, são enganadoras – parece-me desajustado. Porque falta consistência, faltam indicadores concretos, não há nenhum estudo científico elaborado por pessoas com formação e experiência adequada nesta área.

Sem comentários:

Enviar um comentário