quarta-feira, março 19, 2008

Temos que ser justos com a nossa malta

De Filipe Gomes madeirense, residente no Continente, recem licenciado, um desabafo que não custa nada ser lido, até porque temos que ser justos com a nossa malta que fica "por lá" pelo simples facto de não conseguir emprego cá":
Voltar à terra...
A minha vida mudou há quase dez anos, quando ingressei no ensino superior em Lisboa, num curso que não existe na Madeira. Estava, então, longe de imaginar o problema que seria para voltar...
O desemprego é hoje um mal mais do que regional e não é o meu caso, é verdade, mas encontro-me numa situação ingrata.
O "canudo" na mão e um estágio profissional de um ano, integrado no curso superior proporcionaram-me uma proposta profissional irrecusável no mesmo grupo de empresas. Nunca poderei arrepender-me de ter optado por ficar pois, para além de ter ali formado o "meu eu profissional", aprendi muito com pessoas mais experientes sendo-me proporcionada progressão, tanto a nível de conhecimentos técnicos, como a nível financeiro.
Apesar de, na minha área de actuação, ser bastante comum os profissionais não permanecerem muito tempo na mesma empresa, eu acredito num modelo de desenvolvimento, talvez mais conservador, de fidelização dos trabalhadores. Hoje o comodismo já não é possível, todos vivemos cercados por avaliadores, formais ou informais, que entendo serem o suficiente para não existir esse perigo. Por outro lado, acredito que esta forma de estar numa empresa, pequena ou grande, garante ao trabalhador a estabilidade que lhe permitirá crescer em know-how, podendo aspirar a uma melhor posição no futuro. Eu, como profissional, tenho feito tudo pela empresa que me deu trabalho e, todos os dias, porque acredito num projecto global, "aprecio" as vitórias ou derrotas, sejam pequenas ou grandes, tirando delas as necessárias ilações. A minha situação actual é quase perfeita. Quase, porque, "perfeita, perfeita" era se, no presente momento, para além de bem empregado, estivesse na minha ilha.
Procuro o meu futuro, junto da minha família (minha mesmo, a que já construí) na terra que nos viu nascer e à qual pertencemos. É aí que queremos dar o nosso melhor. "Metade de nós" já está, eu… aguardo o efeito dos muitos currículos enviados. Tenho procurado, de todas as formas, uma oportunidade profissional que me permita entregar a minha dedicação, experiência e visão proporcionadas tanto pela formação académica, como pela experiência profissional, no entanto a actual conjectura não tem tornado isso possível.
Qualquer desempregado explicará melhor do que eu as dificuldades em arranjar emprego, não é a isso que me quero referir, mas ao facto de me sentir realmente prejudicado por estar a procurar trabalho estando fora da ilha.
Há poucos dias, em resposta a um anúncio do DN, onde não é identificado o "grupo regional" que recruta um trabalhador para a minha área, enviei o Curriculum Vitae por correio postal, para que fosse considerada a minha candidatura. Fui contactado, numa sexta-feira, por uma pessoa que admitiu ter eu reunidas as condições necessárias para aquela oportunidade e que gostariam de ouvir-me numa entrevista. Ora, por estar empregado em Lisboa, pedi para confirmar em que dia poderia ser, pois, para além de ter de gerir a disponibilidade no trabalho, tinha de ver quando era possível a viagem. Fui informado que iam falar com o "administrador" e que, ainda no dia, ou o mais tardar na segunda-feira, me davam mais informações. Até hoje... nada. Excluído por não ser a pessoa ideal? Tudo bem. Excluído por não ter experiência desejada? Tudo bem. Mas não, fui excluído apenas por estar longe?! Estava disposto a fazer a viagem, mesmo não sendo certa a colocação - claro - e fiz questão de comunicar que tinha interesse em ir, no entanto obtive esta "bonita" reacção que, tenho em crer, peca por ser uma falta à "igualdade de oportunidades", para além de desumano, o incumprimento depois de uma promessa de contacto tão convincente.
Noutra situação, também por não estar na região, escapou-se já outra oportunidade, mas nesse caso, não tive eu oportunidade de me deslocar à Madeira. Escrevo estas palavras como desabafo e alerta porque acredito que não se pode fazer este tipo de discriminação. Apesar disso, eu, continuarei a minha procura, desde o "rectângulo", até alcançar o meu objectivo.

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