domingo, março 16, 2008

O Porto Santo e Silvio Santos...

Li hoje no DN local, de um texto do jornalista Miguel Cunha, o seguinte:"O último dia do ciclo de conferências promovido pela Câmara Municipal do Porto Santo, onde se debateu o ordenamento do território, ambiente e o turismo, ficou marcada por um desafio feito pelo empresário Sílvio Santos à Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo e indirectamente ao Governo Regional. Depois de defender uma clara definição do produto que se pretende para a ilha, advogando um turismo de luxo virado para um cliente capaz de pagar um serviço de qualidade diferente de outros destinos, o presidente do Grupo SIRAM manifestou algumas das suas actuais preocupações e dúvidas, afirmando mesmo que sem o problema dos transportes resolvido, as empresas que investiram no Porto Santo vão falir. Para justificar esta advertência, o ex-deputado do PSD diz que nenhum cliente que paga um cinco estrelas está disponível para ficar quatro ou cinco horas no Aeroporto da Madeira à espera de um voo para o Porto Santo, razão pela qual assumiu o compromisso de avançar para uma solução, isto se a SATA Air Açores e o Estado não encontrarem uma solução, que em sua opinião passa por colocar um segundo avião na linha, que possa viajar entre as duas ilhas a qualquer hora e desde que existam clientes. Para o empresário, é ridículo pensar-se em ter charters ou voos de low cost para o Porto Santo, sendo antes lógico que a Madeira seja a porta de entrada para o Porto Santo.
Críticas severas ao campismo
Depois de denunciar a incoerência estratégica da Sociedade de Desenvolvimento de projectar a construção de um parque de campismo num destino que se quer de unidades cinco estrelas, Sílvio Santos deixou outra advertência, a de que a ilha não dispõe de serviços de saúde à altura da qualificação de excelência que se pretende.Das observações do empresário resultaram diferentes intervenções e um repto, prontamente aceite por Sílvio Santos: se a Sociedade de Desenvolvimento desistir do parque de campismo e investir na construção de uma unidade de saúde, então a SIRAM assume o compromisso de adquirir um avião de 10/12 lugares que possa garantir o serviço de táxi aéreo entre as duas ilhas".
O meu comentário: dando total razão à primeira parte das suas declarações (sobre os transportes aéreos, porque nenhuma solução existe admito a coragem de dizer o que disse sobre as "low cost" que eu subscrevo), o empresário não pode confundir duas coisas distintas: uma são os seus interesses empresariais que são legítimos - mas que não se podem confundir com a ideia de um Porto Santo em regime de "exclusividade", transformado em coutada reservada a alguns privilegiados - outra é querer impedir o acesso dos madeirenses, como sempre o fizeram, à Ilha do Porto Santo, e tal como faziam mesmo antes de se construírem os hóteis de 5 estrelas. O parque de campismo vai mudar de local, mas não sei se acabar com ele será boa ideia. Julgo que não. Não tenho a noção da dimensão dos níveis de utilização, mas é mais do que evidente que aquele espaço é sobretudo utilizado pelos jovens sem grandes recursos para gastar num Porto Santo hiper-inflacionado nos meses de Verão, questão que também deveria preocupar os empresários, salvo se a ideia é "prender" os seus hóspedes no hotel fazendo-os gastar entre muros todo o dinheiro. Não creio que as autoridades regionais estejam dispostas a aceitar esta ideia algo segregacionista do empresário Sílvio Santos que tem que perceber que é na complementaridade de vários tipos de turismo que se constroem destinos turísticos. Além disso os potenciais visitantes do Porto Santo têm outras alternativas e certamente que não se incomodam com os "campings" que existem ao longo da costa sul de Espanha, da costa sul de França, em Itália, na Grécia, etc. Já agora gostaria de saber, mas Sílvio Santos não o disse, se ele acha que continua a haver espaço para a construção de mais hóteis de 5 estrelas no Porto Santo...

Sem comentários:

Enviar um comentário