terça-feira, março 18, 2008

"Low cost" milagreiras... (I)

Eu tenho tentado várias vezes, sobretudo neste espaço e nos meus artigos de opinião, alertar para o oportunismo saloio subjacente a muitas empresas de transportes aéreos de baixo custo (as denominadas "low cost") assim como alertei para a possibilidade das alegadas "benesses" que foram noticiadas como tendo sido negociadas com a "Easyjet" pudessem gerar polémica e ser reclamadas pela concorrência. Hoje o DN local, pelo jornalista Miguel Cunha, coloca o dedo na ferida e, gostem ou não, sinto-me com a consciência tranquila e a convicção de que não podemos acreditar em "soluções milagreiras" e que tenho razão nas minhas reservas, que não são invenções já que estão publicadas: "O turismo do Porto Santo e toda a sua economia vão sofrer um rude golpe caso se confirme o cenário mais do que previsível: o operador italiano I Viaggi di Atlantide deverá abandonar a aposta que mantém na ilha desde 2005 e que tem levado à realização de um voo charter semanal.De acordo com os elementos que recolhemos, mais de 42 mil italianos viajaram a partir dos aeroportos de Malpensa (Milão), Verona e Roma para a Vila Baleira, um número que representou nos dois últimos anos um terço dos hóspedes registados em unidades hoteleiras da ilha, bem como 32,9% das dormidas.De modo a atenuar a sazonalidade da actividade turística da ilha, a Associação de Promoção da Madeira tem vindo a apoiar a operação. Inicialmente foi atribuída uma verba de 100 mil euros para a realização de acções de promoção e marketing, tendo em 2006 sido celebrado um contrato que atribuiu 125 mil euros por ano. Também a 'Aeroportos da Madeira' aprovou a candidatura italiana ao Plano de Incentivos da ANAM para duas rotas - Milão e Roma - sendo que o apoio concedido é degressivo e pode estender-se por 5 anos. Os valores são pagos no final de cada período IATA, em função do número de passageiros transportados, razão pela qual a ANAM descontou mais de 200 mil euros da factura das companhias de aviação NEOS Air e Livingston, pela operação no Aeroporto do Porto Santo. De acordo com a informação recolhida, os italianos da I Viaggi di Atlantide fizeram agora chegar ao Governo da Madeira uma nova 'exigência' para manter a operação para a Ilha Dourada. O operador quer receber por ano mais de meio milhão de euros de incentivos, exigência que pode ser justificada numa gradual quebra na procura, expressa, por exemplo, no facto de nos dois primeiros meses deste ano ter vendido menos 70% das viagens do que em igual período do ano passado". A única coisa que posso dizer, até porque procurei informar-me sobre este fenómeno de "italianização" do Porto Santo, sobretudo de algumas unidades hoteleiras, é que os residentes na ilha olham para este fluxo e consideravam que se tratava de um bom negócio para operadores e hoteleiros, já que na sua esmagadora maioria os viajantes eram acusados e não gastarem um "cêntimo fora dos hóteis", deslocando-se com modelos de estadia de acordo com as suas preferências e com o programa de praia escolhido. Lembro-me de um empresário conhecido do Porto Santo, e com muitos anos de actividade, me ter dito, no verão passado: "Os italianos? Esse chegam aí com tanta ou mais fome que nós!"...

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