domingo, março 02, 2008

Futebol: "A angústia do marcador do penálty"

O jornalista João Querido Manha escreveu recentemente no "Correio da Manhã" um curioso e excelente artigo que recomendo, soberttudo aos amantes do futebol: "Sempre pecou por excesso a bela imagem escolhida para o título da obra de Peter Handke que Wim Wenders perpetuou no cinema. A simples observação superficial das faces dos jogadores indica-nos que os cobradores de penáltis sentem muito mais a pressão do momento do que os guarda-redes, vivem de modo bem mais profundo a angústia do momento e, tantas vezes, o remorso do erro, que pode persegui-los ao longo daquele jogo, nas semanas seguintes, por vezes para o resto da vida desportiva. Marcar um penálti chega a ser uma situação tão banal para alguns jogadores, cuja margem de erro é residual e plausível, na ordem dos 10 %, ou ainda menos, no caso do verdadeiro especialista, Eusébio, que só falhou perante Vítor Damas. Por exemplo, Simão Sabrosa, na Liga, desperdiçou três de um total de 32 e ninguém lhe levou a mal os erros esporádicos. Jardel, de vez em quando, também se enganava, como Fernando Gomes ou Manuel Fernandes – para quem as excepções confirmavam a regra de eficácia.Quando se apresentam para a cobrança de um penálti, os especialistas têm de estar calmos, concentrados e assentes numa rotina muito firme, trazida de um treino regular. Tomemos o caso de Cardozo, que neste ano assumiu a responsabilidade de substituir o próprio Simão Sabrosa, no Benfica, e apresenta uma taxa de 100 %. Ele marca os penáltis com a mesma técnica que aplica e treina nos livres directos de mais longe: concentração na bola, unidade do movimento, potência e direcção da baliza, sem paradas nem paradinhas. Quando acaba de pestanejar, o guarda-redes já vê a bola no fundo da baliza".

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