quarta-feira, agosto 01, 2007

Açores: Governo recusa arranque da vinha

O Governo Regional dos Açores "recusa-se a pagar para arrancar vinhas e não vai seguir a política da União Europeia (UE) nesse domínio", garantiu hoje uma fonte da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas. A mesma fonte assegurou à agência Lusa que "independentemente da política seguida pela Europa para a viticultura a região já destinou as verbas que vai disponibilizar, através dos programas operacionais POSEI e Pró-Rural, aos produtores de vinho". A posição do Executivo Regional segue-se ao anúncio feito pela comissária europeia da Agricultura, Mariann Fischer Boel, que manifestou a intenção de arrancar 200 mil hectares de vinhas de baixa qualidade em toda a UE. O objectivo desta medida europeia insere-se no quadro de um plano para responder à concorrência de outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, foi proposta a disponibilização de verbas significativas para apoiar os produtores que concordem em arrancarem vinha, a par de 120 milhões por ano, destinados à promoção dos vinhos europeus no estrangeiro. A comissária europeia da Agricultura, Mariann Fischer Boel, fez questão de sublinhar que os produtores apenas arrancarão a vinha "a título voluntário". Nos Açores, contrariando essa orientação vão ser disponibilizadas "através do POSEI, no período 2007/2013, cerca de 2,2 milhões de euros para ajudas à manutenção das vinhas". As ajudas destinam-se às vinhas orientadas para a produção de Vinho de Qualidade Produzido em Região Demarcada (VQPRD), à produção de Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Demarcada (VQPRD) e vinho regional. Estão ainda, adiantou a mesma fonte, previstos apoios durante os próximos sete anos para ajudar ao "envelhecimento dos vinhos licorosos açorianos".
O montante da ajuda, num máximo de três anos por produtor, é de 10 cêntimos por 100 litros dia para um total de 400 mil litros. Através do programa Pró-Rural estão também disponíveis 20 milhões de euros, entre 2007/2013, destinados à modernização das explorações agrícolas a que também podem aceder os produtores vitivinícolas. A produção de vinho nos Açores foi de 1,8 milhões de litros na campanha 2006/2007, menos 11 por cento do que a verificada na anterior, de acordo com as declarações de colheita dos produtores. Na ilha do Pico a produção foi de 303.750 litros, mais 60.750 litros que na campanha anterior, e na Graciosa a produção subiu aos 18.460 litros, mais 4.260 litros que na campanha anterior. Na ilha Terceira, a produção ficou-se pelos 7.700 litros, menos 3.300 litros que na campanha anterior. De acordo com os serviços oficiais a redução ficou a dever-se a uma menor produção de vinho de castas de produtores directos (vinho de cheiro) motivada pela reconversão das vinhas. A produção das castas europeias aumentou em cerca de 62 mil litros derivado do crescimento de 25 por cento na ilha do Pico e mais 30 por cento na ilha Graciosa, enquanto na ilha Terceira a produção desceu em 30 por cento. Segundo dados de técnicos da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores (CVR-Açores), 20 por cento da produção de vinho da região não é declarada pelos pequenos produtores. A área vitivinícola nos Açores é de 1.700 hectares, dos quais 17 por cento são ocupados por vinhas de castas europeias e os restantes por castas de produtores directos (vinho de cheiro da casta Isabella) e vinhas abandonadas. No arquipélago existem, nas ilhas Terceira, Graciosa e Pico, três regiões demarcadas para a produção de vinho, que comercializam cerca de duas dezenas de marcas de vinhos de mesa, licoroso e regional oficialmente reconhecidas (fonte: Açoriano Oriental)

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