segunda-feira, junho 11, 2007

Madeira: PS com nova liderança (I)

O jornalista Luís Calisto abordou a situação interna no PS, num artigo publicado na edição de domingo do DN do Funchal, na qual, em minha opinião, coloca o dedo na ferida (de facto) do que se passa na Rua do Surdo:
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O perfil de João Carlos Gouveia é o contrário do que devia ter o líder que se segue no PS-Madeira. Mas quem convenceu o voluntarioso socialista de S. Vicente a avançar - ou seja, o aparelho dirigido ainda por Jacinto Serrão e Victor Freitas - pretendeu evitar o aparecimento de algum interessado que agarrasse o partido agora e para além de 2009, altura em que o dito aparelho quer regressar em força.
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Percebe-se claramente que ao PS só servia um novo chefe que não tivesse andado a sofrer nos últimos tempos o desgaste público da política regional. João Carlos Gouveia tem sido visto numa roda-viva de conflitos e equívocos além de ser uma figura já tradicional entre os candidatos (derrotados) à liderança do partido, congresso após congresso. O PS-Madeira precisa desesperadamente de um líder realista, que dê lições de segurança de pensamento e de leitura do futuro. João Carlos Gouveia, perante a delicada situação do partido e conhecendo a sua idiossincrasia, candidata-se a líder.
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Para além de todas estas desvantagens, João Carlos Gouveia é, sem a menor dúvida, um homem honesto, bem intencionado, sociável, democrata, dialogante, que gosta sinceramente da sua terra e dos seus conterrâneos, dedicado a um sonho político, solidário. Defeitos que não deixam ir longe na política regional que temos. Os derrotados de 6 de Maio querem que Gouveia dê a cara na torre de comando do barco naufragado enquanto se recompõem. Mas, entretanto, durante a próxima liderança, assumidamente de transição, o PSD e o Governo vão passear sem oposição do ainda maior oposicionista. Será também a direcção a sair do congresso de Julho a preparar eleições europeias, nacionais e autárquicas. E será um PS com a imagem de João Carlos Gouveia a chegar a essa disputa, a não ser que entretanto se vá mesmo para um congresso estatutário da salvação - se não for tarde demais.
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Tudo isto a passar-se sem que um só de tantos beneficiários do partido do Surdo destes anos todos apareça agora em público a tentar pôr cobro ao haraquiri socialista. António Trindade está no alto empresariado. O independente David Caldeira só aparece quando lhe dá jeito. João Conceição compreende-se. Emanuel Jardim Fernandes respira Europa. André Escórcio teima em se ficar pelo combate parlamentar. Maximiano espera um sinal das 'massas'. Bernardo Trindade não se quer queimar. Bom, Gouveia ao menos está lá.

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